
Defesa diz que vai analisar caso para apresentar recursos — Foto:Veja
O ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão em regime fechado pelo crime de duplo homicídio com dolo eventual no acidente de trânsito que matou Gilmar Yared, 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, 20, em sete de maio de 2009.
Nesta quarta-feira (28), um júri formado por cinco mulheres e dois homens concordou com os argumentos da acusação de que o ex-deputado não tinha intenção de matar, mas agiu de forma imprudente, assumindo o risco de provocar uma morte — o chamado dolo eventual.
As investigações apontaram que, na ocasião, o então deputado estadual dirigia embriagado, após ter consumido quatro garrafas de vinho, em alta velocidade (entre 161 km/h e 173 km/h) e falando ao celular. Ele também estava com a carteira de habilitação suspensa, com mais de 130 pontos e 30 multas.
O carro que ele dirigia, um Passat Variant, chegou a decolar do chão, segundo o laudo do Instituto de Criminalística, destruindo a parte superior do Honda Fit, o veículo conduzido pelas vítimas, decapitando Gilmar Yared e dividindo o corpo de Carlos Murilo ao meio.
Carli Filho sofreu vários ferimentos no rosto e na cabeça. Ele passou mais de um mês internado e precisou passar por uma cirurgia de reconstrução facial. Ao longo de nove anos, a defesa do ex-deputado apresentou mais de 30 recursos ao caso e conseguiu adiar inclusive um júri que estava marcado para janeiro de 2016.
Após a condenação, Carli Filho poderá recorrer em liberdade até o julgamento em segundo grau. O ex-deputado, que em outros momentos do julgamento chorou muito, ouviu a sentença ao lado dos seus advogados. Ele cumprimentou os seus defensores e, na sequência, deu um abraço no irmão, o deputado estadual Bernardo Ribas Carli (PSDB), antes de deixar o tribunal do júri.
Entre as famílias das vítimas, a sentença foi comemorada com lágrimas e gritos de “justiça”. A deputada federal Christiane Yared (PR), mãe de Gilmar, disse que a sentença irá “salvar muitas vidas”. “O Brasil precisa mudar comportamento. Não é possível que a gente enterre nossos filhos todos os dias e que fique por isso mesmo”, declarou. O juiz Daniel Avelar, ao ler a sentença, também disse esperar que o caso sirva de “exemplo” e evite mais mortes no trânsito.
A defesa disse que vai analisar qual recurso deve ser apresentado. “Evidentemente que aguardávamos outro resultado, mas aconteceram algumas situações peculiares que fizemos consignar em ata. Também não concordamos com a pena e achamos ela elevada porque o réu tinha bons antecedentes e era primário. A defesa vai refletir agora sobre o recurso a ser interposto”, disse o advogado Roberto Brzezinski Neto.