O Instituto de Medicina Legal (IML) no Recife concluiu os exames que indicam o que provocou a morte do boxeador bicampeão do mundo Arturo Gatti há uma semana, em um flat em Porto de Galinhas, no litoral sul de Pernambuco. A perícia aponta que a causa da morte pode ser enforcamento, o que inocentaria a esposa da vítima, Amanda Rodrigues, apontada como principal suspeita de ter praticado o crime.
O laudo do IML, com a assinatura da médica legista Luciana Maria Queiroz de Oliveira Borges, tem duas páginas e foi apresentado aos jornalistas pelo advogado da mulher do boxeador, Célio Avelino (foto 1). Ele pediu à justiça o relaxamento da prisão, com o parecer favorável do Ministério Público, mas a juíza de Ipojuca negou. Com a divulgação do exame do IML, ele decidiu recorrer.
O texto explica que há diferenças entre as marcas provocadas por estrangulamento ou por enforcamento. No caso do boxeador canadense, elas indicariam morte por asfixia decorrente de enforcamento. O laudo também sugere que os ferimentos na cabeça podem ter acontecido enquanto o atleta agonizava e ainda se encontrava suspenso.
“Em um enforcamento, o corpo fica suspenso. Seria impossível pelas circunstâncias e pelo físico de Amanda que ela tivesse suspendido o marido”, afirma o advogado Célio Avelino. “Não acredito na possibilidade de uma terceira pessoa, mas é muito fácil de saber, é só consultar o circuito interno de TV do hotel”.
O chefe da Polícia Civil de Pernambuco, Manoel Carneiro, disse que já recebeu o laudo do IML, mas só vai se pronunciar quando tiver também, em mãos, o laudo do Instituto de Criminalística (IC). De acordo com a assessoria da Polícia Civil, ainda serão feitos os exames de alcoolemia e toxicológico de Arturo Gatti no IML. O laudo do Instituto de Criminalística é relativo à cena do crime, a posição dos objetos e as possíveis versões para a morte do boxeador.
O CRIME
Amanda Barbosa Rodrigues, 23 anos, foi apontada pela polícia como suspeita de ter assassinado o marido, o boxeador bicampeão mundial Arturo Gatti, 37 anos. A morte foi no último sábado (11), em um flat onde o casal estava hospedado na praia de Porto de Galinhas.
Os peritos que estiveram no local disseram que o atleta tinha um corte na parte de trás da cabeça e apresentava sinais de enforcamento. Amanda Rodrigues está presa na Colônia Penal Feminina do Recife. Ela alegou que os dois tinham brigado e que, quando acordou, já teria visto o marido morto, mas a versão da mulher não convenceu a polícia.
O corpo do boxeador foi liberado na última terça-feira (14). O irmão do boxeador e um sobrinho dele foram ao cemitério Morada da Paz, em Paulista, onde o corpo foi embalsamado, acompanhados de representantes do Consulado do Canadá, no Recife. Na quarta-feira (15) o corpo seguiu para o Rio de Janeiro e de lá, para o Canadá.
Na última sexta-feira (17), a polícia ouviu na Delegacia de Ipojuca a mulher do boxeador Arturo Gati. O delegado Alberes Félix, que está com o inquérito, deve fazer uma reconstituição sobre o caso na próxima semana. O pedido de habeas corpus feito pelo advogado Célio Avelino foi negado na sexta-feira, pela juíza de ipojuca Ildete Veríssimo.