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Operação contra célula terrorista ‘amadora’ teve cooperação da inteligência internacional

Além da Paraíba, a ação da PF ocorreu no Amazonas, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Suspeitos estavam sendo monitorados pelo governo

Operação contra célula terrorista 'amadora' teve cooperação da inteligência internacional

Alexandre Moraes afirma que suspeitos de terrorismo são amadores — Foto:Ministério da Justiça

Os dez brasileiros presos nesta quinta-feira (21) pela Polícia Federal suspeitos de planejar um ataque terrorista durante as Olimpíadas, um deles em Cabedelo, na Paraíba, eram amadores e não tinham preparo. Eles se comunicavam pela internet e parte do grupo fez juramento de lealdade ao grupo autodenominado Estado Islâmico, mas, segundo as investigações, não tiveram contato direto com os extremistas. Apesar disso, a operação foi planejada e realizada em cooperação com serviços de inteligência de outros países.

“Aparentemente, era uma célula absolutamente amadora, sem nenhum preparo”, disse o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes,  em entrevista coletiva no fim da manhã. De acordo com ele, a probabilidade de um ataque na Olimpíada é “mínima”.

São 12 pessoas com pedidos de prisão, sendo que 10 já foram detidos. Suas identidades não foram divulgadas. Eles ficarão presos por 30 dias, prorrogáveis por mais 30. 

Além da Paraíba, a ação da PF, chamada de Operação Hashtag, ocorreu nos estados do Amazonas, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Segundo o ministro da Justiça, os suspeitos não se conheciam pessoalmente.

O suspeitos fazem parte de um grupo que estava sob monitoramento pelo governo interino por fazer elogios compartilhar conteúdo favorável a grupos extremistas e atentados terroristas. Eles representam cerca de 10% de cerca de 100 pessoas monitoradas pela Polícia Federal. 

Redes sociais – Essa lista foi elaborada pelas autoridades a partir do comportamento desses cidadãos que vivem em território nacional na internet.

A maioria dos rastreados entrou na mira por adotar conduta suspeita ao entrar mais de duas vezes nos portais ou peças de propaganda com conteúdo de exaltação a grupos extremistas.

Embora não haja registros de contatos diretos com terroristas, um dos suspeitos chegou a entrar em contato com uma empresa de armas clandestinas do Paraguai para comprar um fuzil AK-47, o que acabou não se concretizando. Para o ministro da Justiça, esse contato seria um “ato preparatório”.

Confira o que já se sabe sobre o caso

1) Quem eram os suspeitos?

São 12 pessoas com prisão decretada, sendo que 10 já foram detidas. As outras duas já foram rastreadas pela Polícia Federal, mas ainda não tinham sido detidas até o momento do pronunciamento de Moraes, no fim da manhã.

Todos os suspeitos são brasileiros – suas idades não foram reveladas. Além das 12 pessoas com pedido de prisão, um menor de idade foi alvo de ação de busca e apreensão.

PF prende dez suspeitos de planejar ataque terrorista do Estado Islâmico no País

Os suspeitos nunca marcaram um encontro pessoal – eles não se conheciam pessoalmente e viviam em Estados diferentes. Segundo o ministro, a ordem era cada um por si.

De acordo com a Justiça Federal, os investigados preconizam a intolerância racial, de gênero e religiosa, além do uso de armas e táticas de guerrilha para alcançar seus objetivos.

Eles foram detidos em dez Estados: Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Dois deles já foram condenados e cumpriram prisão por homicídio.

Além disso, a operação investiga uma ONG “com atuação na área humanitária e educacional” que teria colaborado com o grupo suspeito.

2) Como eles se comunicavam?

Os envolvidos participavam de um grupo virtual chamado Defensores da Sharia – a lei islâmica. A investigação contou com quebra de sigilo telefônico e de dados dos suspeitos, que trocavam mensagens usando redes sociais.

Eles também se comunicavam via aplicativos de mensagens instantâneas como WhatsApp e Telegram. Questionado pela BBC Brasil, o ministro disse, no entanto, que não poderia esclarecer se houve monitoramento desses aplicativos.

3) Qual era o contato com o Estado Islâmico?

Segundo as investigações, não houve contato direto com os extremistas. Mas alguns dos suspeitos fizeram juramento ao grupo pela internet – de acordo com Moraes, isso foi realizado por meio de uma ferramenta online padrão.

Ele não soube precisar o número, mas de quatro a seis indivíduos teriam feito o juramento.

Além disso, um deles teria manifestado a intenção de ir ao exterior para fazer contato com o grupo, mas dias depois desistiu por falta de recursos para custear a viagem.

4) O que permitiu que eles fossem presos?

O grupo detido nesta quinta-feira foi preso sob a suspeita de praticar “atos preparatórios” para ataques. Segundo Moraes, eles trocaram mensagens em que planejavam iniciar treinamento em artes marciais e em tiro.

Um deles enviou e-mail para uma loja de armas para comprar um fuzil AK-47, disse o ministro.

A legislação brasileira não permite prisão por atos preparatórios no caso de crimes comuns. No entanto, no ano passado o Congresso aprovou uma nova lei antiterrorismo que permite esse tipo de prisão em casos de terror.

5) Que tipo de ataque pretendiam executar?

Pelas conversas monitoradas, o ministro identificou que o grupo teria mais interesse em um ataque por tiros, já que discutiram sobre treinamento em armas e um deles tentou comprar um AK-47.

Além disso, segundo Moraes, eles elogiaram nas conversas o ataque recente de um atirador solitário em uma boate gay em Orlando, nos EUA, que terminou com 50 pessoas mortas. “Em nenhum momento eles falaram de bomba”, notou o ministro.

Em outro ataque recente, em Nice, na França, um homem atirou um caminhão contra uma multidão, matando 84.

6) Qual o nível de periculosidade do grupo?

Moraes classificou o grupo de “célula absolutamente amadora” e “desorganizada”. Os suspeitos vivam em Estados diferentes e nunca tinham se encontrado pessoalmente.

O ministro disse que não pode detalhar quando teve início o monitoramento dos presos, mas revelou, por exemplo, que as mensagens sobre treinamento em artes marciais e tiro eram muito recentes.

“Aparentemente, era uma célula absolutamente amadora, sem nenhum preparo. ‘Vamos treinar artes marciais’, essa mensagem é recentíssima. E qualquer célula organizada não tentaria comprar uma arma na internet. Até porque um deles estava no Paraná, mais próximo de onde sabemos que infelizmente se compra muita arma, que é o Paraguai”, explicou.

Apesar do claro amadorismo dos suspeitos, o ministro disse que nenhuma ameaça, por mínima que seja, deve ser ignorada.

“Nenhuma força de segurança séria pode ignorar, mesmo verificando que tudo levaria a crer que não realizaria um ato sério, competente de terrorismo, mas não seria de bom senso aguardar para ver”, destacou.

7) Qual o grau de risco para a Olimpíada?

Moraes informou que nem o governo brasileiro nem as agências internacionais alteraram a classificação de risco de ataque no Brasil após essas prisões.

Ele reiterou que “a questão da segurança pública (na Olimpíada) é muito mais importante, gera muito mais preocupação que a questão do terrorismo”.

“Probabilidade mínima de ataque terrorista”, disse.

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