A Polícia Federal (PF) infomou nesta quinta-feira (14) que abriu inquérito para apurar o furto de equipamentos com informações estratégicas da Petrobras. Os investigadores desconfiam de espionagem industrial, mas ainda não há suspeitos de quem teria cometido o crime.
Segundo a PF, o material estava em um contêiner transportado numa embarcação de uma empresa contratada pela Petrobras. O navio saiu de Santos, no litoral paulista, e chegou a Macaé, no estado do Rio de Janeiro, no dia 1º de fevereiro. A Petrobras informou que tem a cópia das informações levadas pelos ladrões.
Quatro laptops
O inquérito está sendo apurado pela delegada da PF em Macaé, Carla Dolinski. Ela informou à Agência Estado que que funcionários da empresa responsáveis pelos contêineres perceberam que um dos lacres havia sido violado.
De acordo com a delegada, quatro notebooks e dois disco rígidos da companhia Halliburton, que presta serviços à estatal, foram retirados do contêiner. A polícia, no entanto, ainda não sabe o teor dos dados furtados e nem se havia outras cargas no local.
Para a PF, que comanda as investigações por considerar que o assunto seja de interesse nacional, a informação sobre o conteúdo do contêiner é a chave do inquérito. Neste momento, estão sendo levadas em conta duas linhas de investigação: furto simples ou furto de material com objetivo de obter informações estratégicas das Petrobras. Os envolvidos deverão ser ouvidos nos próximos dias.
Nota oficial
Em nota oficial divulgada por volta das 14h, a empresa diz: "Houve um furto de equipamentos e materiais que continham informações importantes para a Companhia, em instalações de empresa que presta serviços especializados para a Petrobras".
A primeira informação da Petrobras, pela manhã, era de que um notebook e dois discos rígidos haviam desaparecido, nos quais estariam informações sobre recentes descobertas de petróleo da companhia; depois, a assessoria da Petrobras afirmou que foram dois notebooks e um disco rígido; por fim, disse apenas que houve furto de informações, sem especificar em que forma.
Reservas de petróleo
A Petrobras não especificou sobre a qual campo de petróleo se referia pela manhã. Entretanto, no fim do ano passado, o governo federal anunciou com festa a descoberta de uma nova reserva de petróleo no Poço de Tupi, na Bacia de Santos, estimada entre 5 e 8 bilhões de barris de óleo. Sócio da Petrobras no emprendimento, o grupo britânico BG estima que as reservas do Tupi possam chegar a 30 bilhões de barris.
Segundo a empresa, isso aumentaria as reservas brasileiras de petróleo, hoje pouco abaixo de 14 bilhões de barris, em cerca de 50%. De acordo com o pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), geólogo Giuseppe Bacoccoli, as novas reservas terão papel importante na auto-suficiência brasileira de petróleo no longo prazo.
O petróleo leve da Bacia de Santos, segundo estimativas, tem um custo quatro vezes mais do que o pesado, porque está realizado em águas ultraprofundas. Para retirá-lo das fontes localizadas a mais de 6 quilômetros de profundidade, a Petrobras deve ter um custo de US$ 30 por barril, ante os atuais US$ 7,50. Entretanto, a variedade leve é mais valiosa, pois é mais facilmente transformada em combustível.
Por conta do alto custo da produção e de estudos ainda não realizados, a Petrobras estima que esta fonte de petróleo atinja seu pico de produção em 10 ou 15 anos.
Fonte: G1