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Cícero Lucena e comitiva retirada de Israel repudiam Itamaraty por ‘bronca’ em nota

De acordo com a comitiva, o comunicado do Itamaraty "mais se assemelha a uma reprimenda do que a uma manifestação de solidariedade e proteção." Cícero Lucena integrou a delegação retirada de Israel.

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Prefeito Cícero Lucena deixa Israel - Foto: Reprodução/Redes sociais Álvaro Damião (prefeito de Belo Horizonte)

O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, e os demais políticos brasileiros que viajaram a Israel e ficaram retidos durante o conflito do país com o Irã, emitiram nota em que rebatem o Itamaraty. Ontem (16), o Ministério das Relações Exteriores declarou que a comitiva viajou apesar do Governo Federal alertar, desde outubro de 2023, que os brasileiros evitassem viagens a Israel por causa dos conflitos naquele território.

Para a Delegação Brasileira em Missão Oficial a Israel, a nota do Itamaraty “afirma que o governo brasileiro não tinha conhecimento da missão e que esta teria ocorrido em desacordo com recomendações consulares emitidas em 2023.” No entanto, a nota do Itamaraty não diz que o governo brasileiro desconhecia a viagem, mas sim que os políticos viajaram “a despeito do alerta consular da Embaixada do Brasil em Tel Aviv”.

Ainda na nota, a Delegação Brasileira em Missão Oficial a Israel disse que “tal declaração contradiz frontalmente o que foi afirmado à própria delegação em reunião online com a representação diplomática brasileira em Tel Aviv, realizada no último sábado, 14 de junho. Nessa ocasião, os diplomatas confirmaram ter sido devidamente informados, com antecedência, sobre a missão, particularmente no que diz respeito à segunda comitiva de prefeitos e a um governador, informação esta repassada pelo consórcio de municípios organizador da viagem.”

“Se a representação diplomática foi previamente avisada, como reconheceram seus próprios representantes, questionamos a ausência de qualquer advertência formal ou impedimento à realização da missão”, argumenta o grupo.

Também de acordo com a comitiva, o comunicado do Itamaraty “mais se assemelha a uma reprimenda do que a uma manifestação de solidariedade e proteção.”

Já o Itamaraty informou da retirada, por via terrestre em direção à Jordânia, de um primeiro grupo de doze autoridades federativas, incluído o prefeito Cícero Lucena, que seguiram rumo à Arábia Saudita, de onde contrataram voo particular para retorno ao Brasil.

“A operação foi viabilizada a partir de estreita coordenação mantida pessoalmente pelo Ministro das Relações Exteriores junto a seu homólogo jordaniano ao longo do fim de semana. As Embaixadas do Brasil em Amã, em Tel Aviv e em Riade têm prestado apoio ao grupo”, diz a nota do Ministério das Relações Exteriores, como verificou o ClickPB.

Outro grupo permanece no local e deve ser retirado de Israel da mesma forma que o primeiro, saindo pela Jordânia. “A Embaixada do Brasil em Tel Aviv permanece em coordenação com as autoridades israelenses para possibilitar novas operações de retorno dos brasileiros”, diz o Itamaraty.

Saiba mais

 

Confira, abaixo, as notas da Delegação Brasileira em Missão Oficial a Israel e do Itamaraty

Nota da Delegação Brasileira em Missão Oficial a Israel

Nós, prefeitos, vice-prefeitos e demais autoridades públicas que integram a delegação brasileira em missão oficial a Israel, vimos a público manifestar nosso profundo desacordo e surpresa com a NOTA À IMPRENSA Nº 269 do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty). A referida nota afirma que o governo brasileiro não tinha conhecimento da missão e que esta teria ocorrido em desacordo com recomendações consulares emitidas em 2023.

Tal declaração contradiz frontalmente o que foi afirmado à própria delegação em reunião online com a representação diplomática brasileira em Tel Aviv, realizada no último sábado, 14 de junho. Nessa ocasião, os diplomatas confirmaram ter sido devidamente informados, com antecedência, sobre a missão, particularmente no que diz respeito à segunda comitiva de prefeitos e a um governador, informação esta repassada pelo consórcio de municípios organizador da viagem. Se a representação diplomática foi previamente avisada, como reconheceram seus próprios representantes, questionamos a ausência de qualquer advertência formal ou impedimento à realização da missão.

Causa-nos ainda maior estranhamento o fato de que um país com o qual o Brasil mantém relações diplomáticas convide oficialmente autoridades públicas brasileiras — por meio de uma agenda organizada com o apoio direto do governo de Israel — sem que o Itamaraty e a nossa representação diplomática naquele país tivessem conhecimento do fato. Mais grave ainda é que, em meio a um cenário de guerra, quando autoridades brasileiras — eleitas e em pleno exercício de suas funções — se encontram sob risco e buscam o apoio de seu país, recebam como resposta um comunicado que mais se assemelha a uma reprimenda do que a uma manifestação de solidariedade e proteção.

Reiteramos que nossa missão se deu com propósito institucional e de boa-fé, conforme as normas republicanas, com agenda oficial e objetivos públicos. O momento exige responsabilidade, unidade nacional e compromisso com a verdade.

Ao mesmo tempo em que manifestamos nosso repúdio ao teor e ao momento da nota emitida pelo Itamaraty, reconhecemos e agradecemos o valioso apoio que nos tem sido prestado pelas equipes diplomáticas brasileiras e dos governos locais em Tel Aviv, na Jordânia e na Arábia Saudita, cuja atuação humanitária tem sido essencial para garantir, com segurança, a remoção da delegação da zona de conflito, ainda em curso.

Tabouk, Arábia Saudita, 17/06/2025

Delegação Brasileira em Missão Oficial a Israel

 

Nota do Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores)

O governo brasileiro acompanha com atenção a situação de seus nacionais que se encontram em Israel, incluídos, além de binacionais e turistas, autoridades integrantes de duas comitivas que cumpriam missão oficial àquele país, a convite do governo israelense.

A Embaixada do Brasil em Israel mantém, desde outubro de 2023, alerta consular que desaconselha toda viagem não essencial àquele país e recomenda, desde então, que os brasileiros e brasileiras que se encontravam em Israel considerassem deixar o país. Naquele mês, um total de 1.413 brasileiros foi evacuado de Israel em aeronaves da Força Aérea Brasileira.

Em junho corrente, duas comitivas de autoridades brasileiras viajaram a Israel a convite do governo israelense, a despeito do alerta consular da Embaixada do Brasil em Tel Aviv. Com o início dos ataques de Israel ao Irã e o consequente fechamento do espaço aéreo israelense, os dois grupos de autoridades convidadas aguardam informações e providências com relação a seu retorno ao Brasil.

Nesta segunda-feira, 16/6, foi realizada a retirada, por via terrestre em direção à Jordânia, de um primeiro grupo de doze autoridades federativas, incluídos dois prefeitos de capitais, que seguem rumo à Arábia Saudita, de onde contrataram voo particular para retorno ao Brasil. A operação foi viabilizada a partir de estreita coordenação mantida pessoalmente pelo Ministro das Relações Exteriores junto a seu homólogo jordaniano ao longo do fim de semana. As Embaixadas do Brasil em Amã, em Tel Aviv e em Riade têm prestado apoio ao grupo.

Às demais 27 autoridades convidadas que permanecem em Israel, o governo israelense apresentou proposta similar de evacuação por terra até a Jordânia nos próximos dias, para que, conforme a disponibilidade, embarquem em voos comerciais jordanianos de retorno ao Brasil. A Embaixada do Brasil em Tel Aviv permanece em coordenação com as autoridades israelenses para possibilitar novas operações de retorno dos brasileiros.

Ainda nesta segunda-feira, a Embaixada do Brasil em Tel Aviv tomou conhecimento de tentativas de golpes de parte de criminosos que, por mensagens de aplicativo, estariam oferecendo lugares em voos para deixar Israel. Recorda-se que o espaço aéreo israelense segue fechado, sem previsão de reabertura.

A Embaixada do Brasil em Tel Aviv insta todos os brasileiros e brasileiras em Israel a seguirem estritamente as recomendações do “Home Front Command” israelense e a permanecerem sempre nas proximidades de abrigo fortificado (“bunker” ou equivalente), para onde devem se dirigir imediatamente ao ouvir sirenes ou outros alertas. Recomenda-se a todos os brasileiros e brasileiras em Israel acompanharem com atenção a página da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, em especial a seção de “Alerta Consular”, que será atualizada em caso de novos desdobramentos.

Na Jordânia, Cícero Lucena afirma que seguirá para Arábia Saudita e agradece orações: "sempre confiando em Deus"
Cícero Lucena em Israel – Foto: Reprodução/Redes sociais

 

 

 

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