ELEIÇÕES 2014

Em entrevista ao ClickPB, Luciana Genro cobra respeito da União com a Paraíba

A candidata do PSOL à presidência da República, Luciana Genro, conversou com nossa equipe e esclareceu parte de suas propostas, tratando inclusive de questões r

Em entrevista ao ClickPB, Luciana Genro cobra respeito da União com a Paraíba

A candidata do PSOL à presidência da República, Luciana Genro, conversou com nossa equipe e esclareceu parte de suas propostas, tratando inclusive de questões regionais e específicas da Paraíba.

Na entrevista, Luciana defendeu mais respeito da  União com estados como a Paraíba. “Não concordo que o tamanho do PIB dos Estados é o que deve motivar o respeito da União com os entes federados”.

Sobre seu antigo partido, o PT, Luciana reiterou as “diferenças” entre o PSOL e o modelo adotado pelos governos Lula e Dilma.

Leia a entrevista:

Janildo Silva – O atraso na conclusão das obras de transposição do Rio São Francisco é mais que evidenciado e o Nordeste vê boa parte desta estrutura se desfazer pela falta de utilização. Qual a solução para desempacar estas obras, sem mais paralisações? Lembrando que boa parte das vezes em que as obras foram suspensas, a ordem partiu do TCU.

Luciana Genro – A crise hídrica do Nordeste não se trata apenas das obras do São Francisco. Defendemos uma nova política hídrica para o combate à estiagem prolongada. O atual modelo de enfrentamento à seca dos governos do PT serve majoritariamente às terras e empreendimentos agrícolas do agronegócio das elites econômicas e políticas, voltados à produção sucroalcooleira e de frutas para exportação. A água não deve servir ao lucro, a água deve ser tratada como um bem necessário à vida, deve ser priorizada para o atendimento dos moradores e pequenos agricultores do semiárido.

Como primeira medida, vamos implementar o Programa Nacional de Construção de Cisternas, abandonados pelos governos de Lula e Dilma, que não cumpriram 10% das metas prometidas. O processo de irrigação deve respeitar a mesma premissa: a perfuração de novos poços estará voltada às propriedades rurais da Reforma Agrária.

JS – Além da região Nordeste, hoje o Sudeste enfrenta problemas de abastecimento de água. E neste caso, que providências podem ser tomadas pelo governo Federal?

LG – A crise da água em São Paulo é o principal sinal do esgotamento do modelo de gestão tucano.  É necessária uma guinada estratégica no setor.  Somente com a mudança de governo em nível estadual e nacional podemos organizar um planejamento de médio e longo prazo, desenvolvido pelos técnicos da SABESP e da Agência Nacional de Águas.

JS – Qual a principal diferença do PT que a Sra. militou para o partido que hoje governa o Brasil?

Quando chegou no governo, o PT desenvolveu um conjunto de políticas que contrariavam tudo o que sempre defendeu. Acho que o PT tinha responsabilidade de fazer mudanças estruturais no Brasil, mas, quando chegou ao poder, se aliou à lógica política que combatia quando era oposição. Não cumpriu sua missão histórica. A experiência dos governos do PT mostra como uma esquerda do passado pode ser funcional ao capital no presente. O projeto de conciliação de classes do PT, sacramentado nos governos de Lula e Dilma, serviram em primeira e última instância aos interesses do grande capital financeiro. Para mim, a  gota d’água foi a reforma da Previdência. Eu não aceitei a votação da reforma da previdência por acreditar que tirava os direitos dos trabalhadores. O apoio do Sarney para a presidência do Senado foi outra situação. Entendi que o meu mandato não poderia ser um instrumento de ataque aos direitos dos trabalhadores. Esses 12 anos serviram para aprofundar essa conversão completa do PT em partido dos trabalhadores e do povo, em gerente dos grandes empresários brasileiros.

JS – Que informações tem sobre a Paraíba e como acha que Estados tão pobres podem se  inserir no cenário nacional?

LG – Todos os Estados do Brasil têm sua contribuição a dar e nenhum pode estar submetido a condições sociais precárias, o que é uma realidade em maior ou menor grau em todos os Estados. Não concordo que o tamanho do PIB dos Estados é o que deve motivar o respeito da União com os entes federados. É papel do governo federal, em parceria com a população, sociedade civil organizada, movimentos sociais, prefeituras e governos estaduais construir um país de plenos direitos sociais.

JS – Poderia dar sua opinião sobre o Bolsa Família?
LG – O Bolsa Família é bom e pretendemos ampliá-lo, mas precisa ser visto como uma situação transitória. Não queremos perpetuar a pobreza, é preciso mudar as bases econômicas, mudar as estruturas para garantir desenvolvimento real das pessoas e emprego bem remunerado.  

Além disso, precisamos rever o valor do investimento no programa. O valor de R$ 70 não é atualizado desde a época do Fome Zero, do Lula. Esse valor está desvinculado da realidade e ninguém consegue sair de uma condição de miserabilidade com R$ 70. Hoje, se investe apenas 0,5% do PIB no Bolsa Família, enquanto 40% da riqueza do país são destinados a pagar juros da dívida às famílias mais ricas.

JS – Muitos críticos dos “partidos de esquerda”, afirmam que o PSOL só está livre de envolvimento com corrupção por ainda estar longe de concentrar Poder em suas mãos, ocupando grandes cargos do Executivo. O que impede o PSOL de se tornar um novo PT?

LG – Se nós quiséssemos reproduzir as mesmas práticas que o PT, não teríamos saído do PT. Se eu quisesse, teria ficado por lá e teria uma ‘carreira’ garantida, mas eu não quero chegar ao poder abrindo mão das minhas lutas, porque daí eu seria apenas mais uma lá. O PSOL é um partido que nasceu vacinado com os problemas que ocorreram no PT. A melhor maneira de evitar que o PSOL se torne um novo PT é se manter um partido ligado às necessidades e lutas do povo, transparente nas suas decisões internas e com apontamentos programáticos coerentes com a luta dos trabalhadores brasileiros.

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