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Pai de Sandra Gomide diz que crime foi premeditado por Pimenta Neves

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João Gomide, pai de Sandra, morta aos 32 anos com dois tiros pelo ex-namorado, o jornalista Antonio Marcos Pimenta Neves, 69 anos, em agosto de 2000, em um haras de Ibiúna (64 km de São Paulo), disse ao Tribunal do Júri que acha que o crime foi premeditado, que Pimenta Neves mostrava constantemente sua arma e que o julgamento só demorou quase seis anos para acontecer porque o jornalista tem mais dinheiro do que ele.

“A minha mulher me culpa porque eu não fiquei com a minha filha na dia do crime. Saí do haras às 14h e ele assassinou ela às 16h. Ele estava premeditando há muito tempo. Por que não a assassinou enquanto eu estava por perto?”, disse, ao ser interrogado pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Ibiúna, Diego Ferreira Mendes, que preside o júri . “Seis anos esperando só porque ele tem dinheiro e eu não tenho. Ela era a melhor coisa que eu tinha na vida. Fiquei arrasado, passei a não acreditar em, nada.”

Questionado pelo assistente da acusação, o advogado Sergei Arbex, se ele queria fazer a justiça pelas próprias mãos, disse: “Quando foi marcado o julgamento eu perdi essa vontade. Como eu tenho a cabeça no lugar, não tenho instinto de matador, eu só quero justiça.”

João Gomide disse ainda que, nos dias anteriores ao crime, Pimenta Neves apresentava um comportamento normal, mas afirmou que ele chegou a agredir Sandra dias antes. O pai da vítima afirmou ainda que convidou Pimenta para um almoço um dia antes do crime, para que ele mantivesse a amizade com Sandra. O pai entendia que Pimenta Neves era muito poderoso e podia fazer mal para ela.

Durante todo o depoimento de João Gomide, o jornalista ficou com a cabeça baixa, mas mexendo no sentido lateral, como se estivesse negando o que era dito, e escrevia as coisas para o advogado.

O julgamento do jornalista foi retomado às 10h10 desta quinta-feira (4/5) A sessão, que começou com o depoimento de João Gomide, deve prosseguir com o depoimento de Delmar Setti, dono do haras Setti, onde ocorreu o crime.

Pimenta Neves chegou ao Fórum de Ibiúna pouco antes das 9h. Diferentemente de ontem, quando ele chegou à pé e entrou pela porta da frente do fórum, nesta quinta ele entrou pela garagem, nos fundos, no carro de sua advogada, Ilana Müller.

O julgamento foi interrompido às 23h de ontem, após quase 12 horas dedicadas somente à leitura dos autos. Depois de João Gomide, devem depor outras seis testemunhas, entre elas Delmar Setti, dono do haras em que o crime foi cometido. A tarde será dedicada aos debates entre a promotoria e a defesa do réu, que podem durar até seis horas. Em seguida os sete jurados (quatro mulheres e três homens) se reúnem na câmara secreta para dar o veredito.

Os jurados decidirão se Pimenta Neves realmente matou a ex-namorada e se há agravantes (motivo fútil, por ciúme, e não ter dado chance de defesa à vítima) e atenuantes, como ser réu primário.

O julgamento começou às 9h20 de ontem, e o primeiro dia foi tomado pela leitura dos autos do processo, de 11 volumes. A advogada de Pimenta Neves não abriu mão da leitura, apesar dos insistentes pedidos do promotor Carlos Sérgio Rodrigues Horta Filho, responsável pela acusação, para que o andamento do júri pudesse ser acelerado.

À noite, o próprio juiz da 1ª Vara Criminal de Ibiúna, Diego Ferreira Mendes, que preside o júri, fazia a leitura dos autos, após ter dispensado o oficial de justiça, exausto, por volta das 20h.

Os sete jurados (quatro mulheres e três homens) também demonstraram cansaço, e um deles chegou a cochilar duas vezes. Por alguns minutos, por volta das 17h40, ele abaixou a cabeça e fechou os olhos, levantando o pescoço de repente, assustado, após um burburinho da platéia de 40 pessoas, entre jornalistas, familiares e curiosos que acompanham o júri em Ibiúna. À noite ele também se curvou e fechou os olhos.

Pimenta Neves, que chegou ao Fórum de Ibiúna às 8h05 sob o coro de “assassino”, gritado por pessoas que o aguardavam do lado de fora, passou quase todo o primeiro dia de julgamento cabisbaixo, mas levantou a cabeça e levou às mãos ao rosto, demonstrando atenção, quando foram lidos os depoimentos sobre suas condições emocionais às vésperas do crime.

Em outro momento que levantou a cabeça e as mãos foi para pedir ao juiz que providenciasse cortinas para as janelas da sala do júri, de modo a evitar ser fotografado e filmado pela TV Globo, que havia instalado uma câmera na marquise de um supermercado, de modo a obter imagens do júri e até mesmo closes do réu. O juiz não atendeu o pedido sobre as cortinas, mas, por volta das 12h15 havia pedido à emissora que tirasse a câmera de lá, sob pena de a defesa pedir a anulação do júri.

Jornalista às turras com a imprensa

Por várias décadas, Pimenta Neves exerceu o jornalismo como profissão e, certamente, orientou a cobertura de diversos julgamentos. Mas sua advogada tem sido implacável com os colegas de profissão de seu cliente.

Às vésperas do julgamento, Ilana Müller pediu ao juiz Diego Mendes que proibisse a entrada da imprensa na sala do júri. O pedido foi atendido em parte: o magistrado autorizou a entrada de dez jornalistas por vez, que ocuparam parte das 40 cadeiras da platéia (outras oito foram destinadas às famílias das vítimas, e as 22 restantes, sorteadas antes do início do júri), mas proibiu que o réu tivesse sua imagem ou voz gravadas.

Logo após a apresentação dos jurados, ainda nas primeiras horas da manhã, a defesa pediu a nulidade do julgamento, alegando três irregularidades, entre elas a presença da imprensa. Ela também afirmou que não teve acesso a todas as provas e que não houve o trânsito em julgado (fim da possibilidade de recursos) da sentença que mandou Pimenta Neves a júri popular e que uma carta rogatória foi enviada para endereço errado, o que teria impossibilitado o amplo direito à defesa. “As irregularidades impediram o amplo direito de defesa do réu”, afirmou a advogada Ilana Müller. Após ouvir os argumentos da acusação, o juiz rejeitou os pedidos e ordenou o prosseguimento da sessão.

Silêncio

Em seguida, Pimenta Neves deveria ser interrogado pelo juiz, mas preferiu não responder a nenhuma questão levantada pelo magistrado. Para o promotor Carlos Horta Filho, “o silêncio (de Pimenta Neves) apenas confirmou os fatos”. De acordo com ele, “a autoria do crime se tornou inquestionável” com a decisão do jornalista de não se pronunciar.

Fonte: UOL

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