Palocci depõe à PF e é indiciado por violação de sigilo

O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci foi indiciado nesta terça-feira pela Polícia Federal (PF) por violação de sigilo. Ele depôs nesta tarde ao delegado que investiga o caso do caseiro Francenildo dos Santos Costa, de acordo com o seu advogado, José Roberto Batocchio. 

No depoimento, que aconteceu na casa de Palocci em Brasília e durou cerca de três horas, o ex-ministro negou qualquer participação na quebra de sigilo do caseiro e também que tenha passado os dados adiante. De acordo com o advogado, Palocci quer mostrar sua indignação com os fatos que vêm sendo apresentados.

O depoimento não aconteceu na sede da Polícia Federal devido aos problemas de saúde que Palocci vem alegando – durante todo o tempo ele estava com um aparelho monitorando seu batimento cardíaco. Na semana passada, ele não compareceu ao depoimento que estava marcado na PF. Seu advogado entregou um atestado médico alegando que Palocci estava estressado. Nesta terça-feira, no entanto, a PF entregou uma nova intimação ao ex-ministro. O depoimento estava marcado, inicialmente, para esta quarta-feira, às 10h.

Durante toda a tarde, foram divulgadas informações desencontradas em Brasília. Inicialmente, a imprensa foi reunida no Hotel Melliá à espera do suposto depoimento do ex-assessor de Palocci, Marcelo Netto, que teria sido o responsável pelo vazamento do sigilo do caseiro. No entanto, como a entrevista não ocorreu, é provável que tenha se tratado de uma estratégia para driblar os jornalistas.

Palocci informou à PF que, no dia 16 de março, tinha uma reunião com a presença do presidente dos Bancos Públicos do Brasil, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso. No entanto, Mattoso chegou atrasado e comunicou Palocci que gostaria de tratar sobre um assunto de trabalho com ele mais tarde.

Palocci então, conta que recebeu Mattoso em sua residência, à noite. Foi quando, após tratar da abertura de agências da CEF no Japão e nos EUA, Mattoso mostrou para ele o extrato de Francenildo. No entanto, Palocci disse que a conversa sobre o assunto não durou mais que cinco minutos. O ex-ministro negou que o então presidente da CEF tivesse lhe dado uma cópia do extrato. Com essa afirmação, Palocci põe o depoimento de Mattoso à CPI dos Bingos em contradição, já que ele informou que havia dado o extrato a Palocci.

Antonio Palocci e o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, pediram demissão na segunda-feira da semana passada, após o depoimento de Mattoso à Polícia Federal. Ele confessou ter mandado quebrar o sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa e ter entregue o extrato ao então ministro da Fazenda. No mesmo dia, Mattoso foi indiciado pelo crime de quebra do sigilo funcional.

Redação Terra