Política

Vaccari não deverá ser o tesoureiro da campanha, diz Dilma

Ministra diz que manterá sistema de 2006 de separação de tesouraria. Dilma diz que Vaccari tem direito de se defender.

Do G1

A ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT), afirmou nesta terça-feira (9) que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, não deverá ser o responsável pelas finanças de sua campanha. Vaccari é investigado pelo Ministério Público pelo suposto desvio de recursos da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) para campanhas do partido.

“Nós temos tido, nas últimas eleições, uma opção por diferenciar as duas tesourarias. A tesouraria do partido tem mais obrigações que a campanha presidencial. Então, a tendência é manter isso, que é a mesma coisa que ocorreu em 2006, na época da reeleição do presidente Lula”, disse Dilma ao chegar ao Congresso para uma sessão de homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

A ministra ressaltou que Vaccari tem de ter o direito de se defender e afirmou que ele não pode ser afastado do cargo no PT de imediato: “Acho que o Vaccari tem todo o direito de defesa e nós temos tido bastante clareza em defender o direito das pessoas se defenderem antes de serem condenadas, acusadas e, de fato, afastadas do que fazem”.

Quebra de sigilo

O promotor de Justiça de São Paulo José Carlos Blat pediu à Justiça na sexta-feira (5) a quebra do sigilo bancário do tesoureiro do PT e o bloqueio das contas da Bancoop. Segundo o promotor, Vaccari teria participado, quando era presidente da cooperativa, de um esquema de desvio de verbas para um suposto caixa dois do PT.

Os pedidos de quebra de sigilo e bloqueio das contas foram encaminhados para o Departamento de Inquéritos Policiais (Depo), da Justiça estadual. As investigações do Ministério Público de São Paulo sobre a Bancoop começaram em 2007. Segundo Blat, há indícios de enriquecimento ilícito de diretores, lavagem de dinheiro e caixa dois.

De acordo com o promotor, a cooperativa deixou de cumprir contratos de construção de moradias ao mesmo tempo em que efetuava saques na boca do caixa de mais de R$ 31 milhões. Parte destes recursos teria sido encaminhada ao PT por meio de empresas de fachada registradas em nome de diretores da Bancoop, segundo Blat.

“O que chama a atenção é que na época que ele [Vaccari] era presidente da Bancoop, com dificuldades terríveis para pagar construtoras e cumprir as obras, foi entregue um cheque no valor de R$ 1,5 milhão a uma empresa de segurança. Também foram sacados R$ 31 milhões em cheques nominais à própria Bancoop na boca do caixa. A prática do saque é feita para dificultar o controle da conta corrente das empresas. É prática muito primária, mas é conhecida quando se quer ocultar”, disse o promotor ao G1.

Segundo reportagem publicada pela revista "Veja" neste final de semana, R$ 10 milhões teriam sido destinados a quatro dirigentes da cooperativa entre 2003 e 2005 – três dos quais morreram em um acidente de carro em 2004, em Petrolina (PE).

Blat sustenta que há provas de que dinheiro era desviado para abastecer campanhas petistas. “Temos documentos, depoimentos, documentos bancários e fiscais, relatórios que atestam isso. Não sou eu que digo, são as provas. O material inerente a eventual caixa dois foi remetido à Justiça Eleitoral. Uma segunda leva será enviada à Procuradoria Eleitoral”, disse Blat.

Salário

Dilma afirmou também que vai receber um salário do PT para ser candidata à Presidência da República. Ela não revelou qual será o valor do salário a ser pago pelo partido e justificou a ação dizendo que não pode “viver de brisa”.

“Eu vou ter de viver. Sou obrigada a me licenciar da minha atividade, não só como ministra, mas da minha origem, da Fundação de Economia e Estatística, de onde eu também não posso receber. Posto que eu não posso viver de brisa e não sou rica, vou ter que ter um salário do PT”, afirmou Dilma.

O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, no entanto, já disse em entrevistas que o salário da candidata será de cerca de R$ 10 mil.

Ampliação do Bolsa Família

Dilma comentou ainda o projeto do PSDB que amplia o valor do benefício do Programa Bolsa Família de acordo com o desempenho educacional. Para a ministra, é preciso achar a fonte de recursos para que a proposta seja viável.

“Eu estou na linha do presidente. Tudo que vier de bom para a população a gente tem de acatar. Agora, para a gente ter cuidado com qualquer medida que seja simplesmente eleitoreira, a gente tem sempre que perguntar: e a fonte de recursos? Como é que vc banca? Porque senão vão começar a sair por aí fazendo toda espécie de benefício num momento eleitoral para a população e não dizendo aonde a gente tira o dinheiro para cumprir”, afirmou.

A ministra negou que esteja usando o cargo e a máquina pública para fazer campanha eleitoral. Ela considerou que a série de viagens para inauguração de obras é natural.

“Não acho que estou usando (a máquina). Acho que é importantíssimo. Trabalhamos tanto que não é fácil tirar um país de uma situação de não investimento, onde não tinha projeto, não tinha licença, não tinha obra. Quando você faz isso e de repente você vê a obra lá ou em um estágio avançado ou já pronta para ser entregue, isso é uma imensa satisfação. Vale a pena toda a incomodação que a gente tem”, afirmou Dilma.

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