O bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, de 61 anos, resolveu voltar a fazer greve de fome para protestar contra as obras de transposição do Rio São Francisco, que estão sendo realizadas por tropas do Exército no norte da Bahia. A manifestação, que começou às 10 horas de hoje em Sobradinho (BA), na margem do rio, 554 quilômetros a noroeste de Salvador, ocorre dois anos e um mês depois que o religioso encerrou um jejum de 11 dias pelo mesmo motivo.
"Naquela época, o governo e eu assinamos um acordo que previa o encerramento da transposição e o início de um grande debate da sociedade em torno do desenvolvimento das populações que vivem nas regiões abastecidas pelo rio", conta. "Recomeço este protesto desesperado porque o governo não cumpriu o acordo."
A greve de fome foi iniciada no momento em que Cappio protocolou uma carta para ser entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nela, o bispo ressalta que há "propostas para garantir o abastecimento de água para toda a população do semi-árido com as ações previstas no Atlas do Nordeste apresentada pela Agência Nacional das Águas (ANA) e as ações desenvolvidas pela Articulação do Semi-Árido (ASA)", fazendo com que a transposição seja desnecessária.
Cappio afirma que está disposto a morrer "pela vida do rio e a do povo". "Só há duas formas de eu interromper este protesto: se as tropas do Exército saírem dos locais onde estão sendo realizadas as obras ou se forem arquivados definitivamente os projetos de transposição", afirmou.
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