A Sina dos Kumamoto

Vez por outra ouvimos alguém dizer que cada homem nasce com a sua missão, a sua sina preestabelecida. E quando toda uma família, geração após geração, tem a mesma sina? É assim que vejo e sinto a sina dos Kumamoto", cujo maior ícone hoje é o médico, o amigo Ítalo Kumamoto. O seu pai, Eije Kumamoto desembarcou em Recife no início do século passado e foi levado para Princesa Isabel pelo Coronel Zé Pereira para cuidar do armazém e das finanças das Tropas Rebeldes, onde casou e teve os filhos – todos Francisco, devido uma promessa ao santo homônimo. Ítalo, Gilson, Elder… e vieram para a capital estudar, fato que os levou a cuidar da saúde das pessoas doentes no hospital São Francisco. Conheci Ítalo Kumamoto justamente no seu pior momento – quando o seu filho Felipe partiu para os céus, a nosso ver, prematuramente, mas não sabemos os desígnios de Deus – e percebi um homem forte e determinado, decidido a dar a volta por cima e motivado – talvez por São Francisco – a estender as suas mãos para os mais necessitados da Paraíba – não apenas aos de Princesa, sua terra. E de lá para cá, esse cidadão incansável tem realizado proezas difíceis de mensurar, pois quem ousa dar preço, etiquetar, dizer o valor de uma vida humana? Mergulhados na sua missão de cuidar da vida dos pacientes que cruzam o seu caminho, os Kumamoto, filhos e netos de Eije, estão percorrendo diversos municípios da Paraíba através de parcerias com as Prefeituras, tratando de diversos males ligados a cardiopatias, dando consultoria gratuita aos Prefeitos e Secretários de Saúde, realizando palestras visando a prevenção de doenças, fornecendo vários medicamentos e tratamentos onde são especializados, inclusive complicadas cirurgias, além de encaminhamento para outras áreas da saúde, encurtando distâncias, amenizando sofrimentos e reduzindo custos. Como sabemos, as Prefeituras não tem condições de cuidar da saúde de toda a sua população como seria necessário. Então, receber a visita da equipe médica altamente capacitada do Instituto Felipe Kumamoto em nossa cidade, no meu caso, em Dona Inês, representa uma contribuição enorme, primeiro, porque atende a uma demanda reprimida, in loco, daquelas pessoas que sabe Deus se teriam como passar em um médico da Capital; segundo, porque atender ao paciente no seu habitat é o correto – depois de viajar para um hospital, na maioria das vezes sem se alimentar, sem um tostão no bolso, enfrentar filas e incertezas, o paciente tem crise nervosa, acaba afetando o seu exame, etc.; terceiro, nos dias atribulados de hoje, ter um amigo médico, um médico amigo – como tínhamos o médico da família, antigamente – é uma honra e um fator de tranquilidade para qualquer mortal. E hoje, mais uma vez, esse magnífico evento acontece para que se possa avaliar os trabalhos realizados, para que os profissionais diretamente envolvidos se manifestem com sugestões, opiniões, críticas e que novas técnicas e procedimentos sejam transmitidos, visando o alcance da melhor performance, porque quando o assunto é saúde, no mundo competitivo e veloz em que vivemos, precisamos de máxima eficiência. Assim, tem prosseguimento a sina dos Kumamoto, de seguir adiante, cuidando das pessoas. E quero agradecer mais uma vez, publicamente, ao Dr. Ítalo e ao Dr. Gilson, pela parceria com o povo de Dona Inês, e em vossos nomes estender o meu obrigado a Ana Clara, essa mulher guerreira que percorre a Paraíba, que não nega esforço para ver o Instituto realizando a sua parte, e também a toda a sua equipe.