Saúde

Diabéticos gastam até 75% do salário mínimo com o tratamento

Tiras reagentes, lancetas e seringas são o que mais pesa no orçamento

R7

O brasileiro portador de diabetes pode gastar até 75% do salário mínimo (R$ 510) no tratamento da doença. Isso porque o uso diário de produtos para o controle da glicose no sangue e para a reposição da insulina custam um bom dinheiro.

É o caso do farmacêutico Marcos Vinicius Barbaro Spatari, de 24 anos, que tem o diabetes tipo 1. Para manter a rotina de três medições de glicose e três reposições de insulina ao dia, ele gasta mais de R$ 380, que representa 75% do salário mínimo. Para reduzir este custo, Spatari acaba reutilizando as seringas.

– Além disso tudo, eu tive que comprar o aparelho de medição, que na época me custou uns R$50. Não é uma doença fácil. Eu gasto entre R$ 350 e R$ 400 por mês.

No caso de Spatari, ele usa a insulina NPH apenas uma vez ao dia, pela manhã. Essa insulina pode ser encontrada em postos de saúde gratuitamente. Já após as duas outras refeições do dia, ele usa a insulina regular, chamada de insulina rápida. Essa insulina passou a ser oferecida somente a partir dessa semana pelo Ministério da Saúde, por meio do programa Farmácia Popular, que oferece 90% de desconto em alguns medicamentos. A medida pretende ajudar a economizar no tratamento. 

Assim como o farmacêutico, pelo menos 30% dos brasileiros que têm diabetes gastam mais da metade de um salário mínimo com o tratamento, segundo levantamento de preços realizado pelo R7. O diabetes atinge quase sete milhões de brasileiros e é a sétima doença crônica mais comum no país, de acordo com o mais recente levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A principal doença crônica que atinge os brasileiros é a hipertensão, que, assim como o diabetes, também pesa no bolso do paciente, podendo custar de 1% a 10% do salário mínimo.

O diabetes é uma doença em que a insulina do corpo ou é destruída ou não age de forma adequada. Sem insulina, a glicose não chega até as células, que precisam dela para transformá-la em energia. Saiba mais sobre a doença.

No Brasil, o diabetes tipo 2 atinge cerca de 90% dos portadores, geralmente adultos com mais de 30 anos. Destes, 25% precisam fazer os procedimentos de controle de glicose e reposição da insulina, segundo o endocrinologista Antonio Carlos Lerário, da Sociedade Brasileira de Diabetes. Já entre os pacientes do tipo 1, que acometem cerca de 10% da população diabética, todos precisam fazer o controle e a reposição. Isso quer dizer que, dos sete milhões de diabéticos brasileiros, pelo menos 30% precisa fazer esses procedimentos. E acabam sendo eles os que gastam mais, porque o tratamento não se limita ao uso de medicamentos.

Preços

O R7 pesquisou em algumas farmácias de São Paulo o preço médio de tiras reagentes, lancetas e seringas usadas para controle da glicose e reposição da insulina: R$ 1,71 pela tira, R$ 0,65 por lanceta e R$ 1,90 por seringa. Se o paciente fizer pelo menos duas medições e duas reposições de insulina ao dia, ele vai gastar pelo menos R$ 8,52 por dia. Ao final do mês, a conta chega a R$ 255,60, que é praticamente a metade do atual salário mínimo.

Esse montante não inclui os gastos com álcool e algodão, usados nas aplicações, nem com o glicosímetro, aparelho que os pacientes precisam comprar ao início de seu tratamento. Não inclui também o gasto com a insulina NPH, que, segundo o Ministério da Saúde, é oferecido gratuitamente nos postos de saúde.

Segundo os médicos endocrinologistas João César Soares, da Unifesp, e Marcos de Paula Castro, esses pacientes precisam repor a insulina de duas a três vezes por dia, por injeção subcutânea, utilizando a insulina humana (NPH). Esse paciente faz ainda o controle do nível da glicemia duas vezes ao dia pelo menos, com o uso de um glicosímetro, que é um medidor do nível de glicose.

Para isso, eles usam três produtos descartáveis. As lancetas, que servem para colher a gota de sangue, a tira reagente, que se insere no glicosímetro para se fazer a leitura do valor de glicemia, e as seringas, usadas para aplicação da insulina.

Como economizar?

Uma das maneiras de baratear o tratamento é tentar se inscrever em programas municipais ou estaduais para conseguir esses produtos. Na capital paulista existe o Programa de Automonitoramento Glicêmico para os diabéticos que necessitam da insulina injetável. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o programa garante o aparelho monitor para dosagem de glicemia capilar e o acesso da entrega contínua de lancetas, tiras reagentes e seringas.

Outra forma de economizar, no caso do paciente com diabetes tipo 2, é comprar os remédios disponíveis no Programa Farmácia Popular, do governo federal, que oferece os medicamentos com pelo menos 90% de desconto.

Esses pacientes usam, em geral, dois tipos de remédios, um que diminui a resistência do organismo à ação da insulina (Metformina) e outro que estimula o pâncreas a produzir mais insulina (Glibenclamida), segundo o endocrinologista Lerário.

De acordo com o Ministério da Saúde, tanto o comprimido de Metformina quanto o de Glibenclamida são vendidos a R$0,02 (dois centavos de real) para o consumidor pelo Farmácia Popular. Se cada paciente toma, em geral, de um a três comprimidos de cada um desses dois medicamentos, conforme orientado pelo especialista, ele vai gastar de R$ 1,20 a R$ 3,60 por mês.

Ainda assim, isso não garante que todos os custos com medicamentos serão abatidos. A pedagoga Cecília de Fátima Barros, de 65 anos, é portadora da diabetes tipo 2. Ela reclama que nem todos os medicamentos de seu tratamento estão na lista do Farmácia Popular.

– O metformina eu consigo, mas o Glimepirida não. Eu gasto bastante com esse porque tenho de comprar duas caixas por mês. Eles colocam no Farmácia Popular apenas os remédios mais baratos.

Cecília confirma que os principais gastos são com os procedimentos de controle e de reposição. A conta dela sobe ainda mais durante o mês porque ela ainda precisa tomar remédios para controlar a pressão e o colesterol.

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