Um antiviral oral de amplo espectro, já desenvolvido, apresentou resultados promissores em testes contra o novo coronavírus (SARS-CoV2), que provoca a doença covid-19. As conclusões estão em um estudo norte-americano publicado nesta segunda-feira (6) no periódico científico Science Translational Medicine.
O medicamento chamado EIDD-2801 pode mudar a maneira como os médicos tratam a covid-10, já que se mostrou capaz de reduzir danos causados pelo vírus nos pulmões e nas vias aéreas de ratos. Em breve, os ensaios clínicos serão feitos em humanos.
Os cientistas – da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, do Centro Médico da Universidade Vanderbilt, e da ONG DRIVE (Drug Innovation Ventures at Emory) — descobriram que, quando usado como profilático (antes da infecção), o EIDD-2801 pode prevenir lesões pulmonares graves em camundongos infectados. Esta é uma variação em comprimido de outro antiviral, o EIDD-1931 (aplicado por via endovenosa).
Quando administrado como tratamento 12 ou 24 horas após o início da infecção, o EIDD-2801 pode reduzir o grau de dano pulmonar e perda de peso em camundongos.
Espera-se que essa janela de oportunidade seja mais longa em humanos, porque o período entre o início da doença por coronavírus e a morte é geralmente prolongado em humanos, em comparação com ratos, de acordo com o estudo.
O EIDD-2801 é semelhante ao remdesivir, uma droga antiviral desenvolvida contra o ebola, mas que tem sido testada em pacientes infectados pelo SARS-CoV2. Nenhuma das duas substâncias é usada no Brasil, nem mesmo para pesquisa.
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“Estamos impressionados com a capacidade do EIDD-1931 e do EIDD-2801 de inibir todos os coronavírus testados e com o potencial de tratamento oral da covid-19”, disse a cientista Andrea Pruijssers, da Universidade Vanderbilt, uma das autoras do estudo.
Os ensaios clínicos do EIDD-2801 em humanos devem começar ainda no primeiro semestre deste ano. Se obtiverem sucesso, o medicamento pode ser usado não apenas para limitar a disseminação do SARS-CoV2, mas também para controlar futuros surtos de outros coronavírus emergentes.
“Com três novos coronavírus humanos surgindo nos últimos 20 anos, é provável que continuemos a ver mais”, disse o primeiro autor do estudo, Timothy Sheahan, professor de epidemiologia da Escola Gillings de Saúde Pública Global, ligada à Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.
“O EIDD-2801 promete não apenas tratar pacientes com covid-19 hoje, mas também tratar novos coronavírus que possam surgir no futuro”, completou.