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Uso de app espião para vigiar namorados cresce no Brasil

Ataques de espionagem aumentaram em 228% no país e preocupam usuários

Uso de app espião para vigiar namorados cresce no Brasil

Ainda que claramente antiéticos, esses softwares não são de todo ilegais em alguns países e satisfazem a curiosidade dos stalkers por um preço relativamente baixo. — Foto:Divulgação/Kaspersky Lab

Stalkerware, como indica o termo em inglês, é um aplicativo que rastreia todas as atividades realizadas no aparelho de uma vítima específica e repassa as informações ao stalker, que pode ser um parente controlador ou um parceiro ciumento. 

Silenciosos e, portanto, mais difíceis de serem detectados, os ataques de stalkerwares têm crescido no Brasil: segundo relatório da empresa de cibersegurança Kaspersky, as tentativas de espionagem aumentaram em 228% no último ano.

Embora grande parte dessas aplicações seja comercializada em lojas não oficiais e fóruns online, existem exceções. Só em julho, mais de 130 mil pessoas foram vítimas de sete apps espiões que conseguiram driblar os mecanismos de segurança da Google Play Store. A seguir, entenda o que é stalkerware e saiba como se proteger desses softwares invasivos.

O que é stalkerware?

Stalkerwares são softwares projetados para monitorar a vida de um alvo específico. Instaladas sem o consentimento da vítima, essas aplicações são capazes de rastrear informações como localização do aparelho, histórico de navegação, mensagens SMS e conversas em redes sociais. Alguns deles podem, inclusive, gravar vídeos ou áudios.

Embora os stalkerwares possam ser usados para diversos fins, o que inclui roubo de credenciais e informações bancárias, tem crescido a oferta dos chamados “spousewares”, aplicativos usados por parceiros ciumentos que querem espionar a vida do cônjuge ou namorado. 

Ainda que claramente antiéticos, esses softwares não são de todo ilegais em alguns países e satisfazem a curiosidade dos stalkers por um preço relativamente baixo.

Não é à toa que os adeptos desses apps espiões têm crescido ao redor do mundo. 

De acordo com um levantamento da Kaspersky, só nos primeiros oito meses de 2019, mais de 37 mil pessoas descobriram esse tipo de software em seus celulares. O número representa um salto de 35% em relação a 2018.

Quais são as diferenças entre stalkerware e spyware?

Tanto spyware quanto stalkerware são termos que se referem a programas capazes de monitorar secretamente a atividade do dispositivo de outra pessoa e enviar as informações coletadas para o usuário espião.

A principal diferença entre eles é que, enquanto o spyware costuma vir oculto com o download de programas ou de arquivos online, o stalkerware é diretamente instalado no dispositivo da pessoa que os espiões querem vigiar.

Vale ressaltar também que os stalkerwares não têm a mesma finalidade dos aplicativos de controle parental, ferramentas legais que ajudam a mediar a relação das crianças com a tecnologia e garantir a segurança dos pequenos. Diferentemente dessas, os programas espiões ficam escondidos no dispositivo, possuem permissões para desabilitar o antivírus e não podem ser encontrados nas lojas oficiais.

Como detectar stalkerware no celular?

A ação dos stalkerwares é silenciosa, mas existem alguns indícios que podem ajudar a detectar a presença desses aplicativos no celular. Entre os sinais mais significativos está o aumento no uso de dados móveis, uma vez que essas ferramentas usam a Internet para enviar informações sobre o alvo ao invasor. Com isso, a cota de consumo de dados é facilmente ultrapassada.

Caso desconfie de invasões ao aparelho, acesse as configurações e busque por “dados móveis” para conferir uma lista ordenada com os apps que mais consomem dados. Picos repentinos no gráfico podem indicar atividades de espionagem e rastreamento.

É provável, ainda, que a vítima desses programas maliciosos note uma queda drástica na bateria do celular. Isso ocorre porque, ao estabelecerem comunicação com servidores de comando e controle em segundo plano, stalkerwares contribuem para a redução da vida útil da bateria. Além disso, ruídos como beeps ou vozes ao fundo de ligações telefônicas podem indicar que terceiros estão gravando a chamada.

Uma boa tática para descobrir se o aparelho está contaminado por stalkerwares é verificar se a opção que permite a instalação de aplicativos por fontes externas — ou seja, baixados fora da Google Play Store — está habilitada. O caminho para acessar o menu pode variar conforme a versão do Android, mas geralmente se resume a Configurações > Segurança > Instalar apps desconhecidos. Caso a opção esteja ativada e você não o tenha feito, é provável que algum stalkerware esteja rodando no seu celular.

Como evitar a instalação de stalkerwares?

Stalkerwares são ameças reais e severas à privacidade dos usuários. Com alguns cuidados simples, porém, é possível evitar a instalação desses softwares de vigilância e manter os dados a salvo de curiosos.

  • Proteja seus dispositivos com senhas seguras e nunca as revele, nem para seus parentes ou parceiros;
  • Não deixe o celular desbloqueado em qualquer lugar, sem supervisão. A maior parte dos stalkerwares requer acesso físico ao aparelho para efetuar a instalação;
  • Desabilite o desbloqueio por impressão digital. Parceiros controladores e ciumentos podem pressionar seu dedo contra o leitor enquanto você dorme;
  • Bloqueie a instalação de aplicativos de fontes externas;
  • Mantenha o antivírus do dispositivo sempre atualizado.
  • Verifique periodicamente os aplicativos instalados no seu celular e exclua aqueles que parecem suspeitos ou você não se lembra de ter baixado;

Em agosto, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal aprovou um projeto de lei (PL) que criminaliza a prática de stalking, seja por meio físico ou online. Vale citar que a lei atual considera a perseguição de alguém de forma obsessiva como contravenção penal, e não crime, e pune o ato com prisão de 15 dias a dois meses, ou multa.

Com a aprovação do PL 1369/2019, a pena prevista para os stalkers passa a ser de seis meses a dois anos de prisão ou multa. O crime também será enquadrado como qualificado quando o autor tem ou teve algum tipo de relacionamento íntimo com a vítima. Nestes casos, a detenção é de um a três anos. O texto agora tramita com prioridade da Câmara dos Deputados.

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