Superação

Adultos e idosos driblam barreiras da maturidade e participam de aulão

Na plateia da revisão, G1 encontrou idoso de 66 anos que vai fazer o Enem. Outros estudantes mais velhos contam como superam as dificuldades.

É clichê, mas é verdade: não há limites para quem quer estudar. Idade, trabalho, filhos: tudo pode ser encarado como uma barreira para quem não tem convicção do que quer. Não é o caso de adultos que estão participando do aulão do Projeto Educação da Globo Nordeste. Todos superaram obstáculos diários para estarem aqui neste domingo (19), prestes a cruzar a reta final do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

José Lourenço da Silva nasceu na zona rural de Paudalho, na Zona da Mata. Começou a cortar cana-de-açúcar ainda na infância. Na mão, ao invés do lápis, a enxada. Depois, foi o copo de bebida alcoólica, vício que não largou por 25 anos, indo parar em um centro de tratamento.

Eu comecei a estudar porque não queria ficar parado em casa. Pensei várias vezes em desistir, mas os professores não deixaram. Eu sei que vai ser difícil a prova, mas vou fazer o possível”José Lourenço da Silva, ex-cortador de cana, ex-gari e ex-dependente químico, que vai tentar o Enem pela primeira vez, aos 66 anos

Depois, trabalhou como gari na prefeitura do município, emprego pelo qual conseguiu aposentadoria este ano, aos 66 anos. Pouco antes, aos 60, decidiu entrar em uma escola estadual da cidade, onde concluiu o ensino fundamental por meio do programa de educação para jovens e adultos (EJA). No Ensino Médio, foi para uma turma regular. Hoje, está no último e terceiro ano na escola Monsenhor Landelino Barreto Lins, em Paudalho.

Uma verdadeira vitória para José, que confessa a dificuldade no aprendizado. “Eu comecei a estudar porque não queria ficar parado em casa. Pensei várias vezes em desistir, mas os professores não deixaram. Eu sei que vai ser difícil a prova, mas vou fazer o possível”, disse o idoso, que ainda não sabe o curso que quer fazer. Sem filhos ou esposa, só sonha em ser atendente de loja.

A professora Nara Maria Oliveira garante que José é bom aluno. É o primeiro a chegar na escola e nunca falta. Ela o ensinou português e inglês.  “Ele é um exemplo de vida e superação para todos nós. Ele sempre se posiciona nas aulas e tem um grande conhecimento de vida. Merece o nosso respeito porque tinha tudo para desistir”, comentou.

José não é o único exemplo desse tipo na plateia do aulão. Jaílda Lúcia, 47 anos, completou o Ensino Médio mas logo entrou no mercado de trabalho. Ano passado, começou um curso técnico pago de massoterapia. Incentivada pelo irmão, que estuda medicina na Universidade de Pernambuco (UPE), ela decidiu prestar o Enem para buscar uma vaga no curso de fisioterapia.

O aulão deste domingo, para Jaílda, é uma oportunidade de relembrar conteúdos vistos há bastante tempo. “Eu tenho baixado apostilas na internet, meu irmão também tem me ajudado. Estou me esforçando, afinal, são 20 anos sem estudar”, disse.

Ângela Maria Vitalino, 37 anos, também está correndo atrás do tempo perdido. Ela terminou o Ensino Médio mas não teve a chance de fazer um curso superior. Mãe solteira, para manter as contas pagas em casa, teve que batalhar como empregada doméstica, babá e auxiliar de serviços gerais. Em 2009, 2010 e 2011, refez o Ensino Médio mas não se deu bem no Enem, pois estava sem tempo pata estudar como gostaria.

Retomou os estudos no começo deste ano e, desempregada há dois meses, está mais confiante para a prova. “Estou estudando na mesma escola do meu filho em Jardim Uchôa [bairro do Recife]. Tenho me esforçado, matemática é o maior calo. Sei que não tenho a mesma chance que os meninos porque está tudo fresquinho na cabeça deles, mas tenho a mesma oportunidade e vou batalhar para conseguir passar”, resumiu.

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