
O Brasil é um eterno retorno ao breu.
Deputados aprovaram a PEC da Blindagem como quem fecha a porta do porão para que ninguém veja a sujeira. Querem voto secreto – o passe livre para a covardia institucionalizada.
Volta às cavernas.
Volta ao grunhido político, à escuridão confortável onde os ratos roem verbas e esperanças.
A democracia não morre de tiro, morre de vergonha escondida. Morre quando o representante do povo se esconde atrás de um biombo, se protege de prestar contas e ri do eleitor que o elegeu.
Chamam de blindagem, mas é máscara de ferro.
Chamam de voto secreto, mas é mordaça no povo.
Enquanto isso, lá fora, a sociedade pulsa por transparência. Mas aqui dentro, no plenário, a luz se apaga. E nós, os bobos, ficamos olhando pela fresta, esperando que alguém acenda o interruptor da decência.
A PEC da Blindagem não é só um retrocesso, é um sintoma: o medo da luz, o pavor do escrutínio público. É o velho Brasil recuando para o fundo da caverna. E, como na fábula, quem se acostuma com a escuridão acaba achando que a sombra é realidade.
