Rio de Janeiro

‘Faraó do bitcoin’ fez investimentos de R$ 2 milhões em criptomoedas para milícia da Zona Oeste do Rio

Os agentes encontraram a ligação com a empresa de Glaidson, a GAS Consultoria Bitcoin, por meio dos documentos apreendidos.

'Faraó do bitcoin' fez investimentos de R$ 2 milhões em criptomoedas para milícia da Zona Oeste do Rio

Criptomoedas apreendidas durante operação contra grupo acusado de lavagem de dinheiro para a milícia. — Foto:Reprodução

RIO — Nas buscas e apreensões em casas e empresas dos 23 alvos da milícia da Operação Blood Money, desencadeada na manhã desta quinta-feira, a Polícia Civil encontrou cerca de R$ 2 milhões em investimentos em bitcoins. Os contratos com esse valor estavam, segundo a polícia, com o empresário Luiz Carlos dos Reis Príncipe, que é apontado como uma das pessoas que atuam na lavagem de dinheiro de milicianos de Rio das Pedras e da Muzema, na Zona Oeste do Rio. 

Os investimentos na moeda digital eram feitos por meio de Glaidson Acácio dos Santos, o “faraó dos bitcoins”, preso no mês passado durante a Operação Kryptos, da Polícia Federal. Os agentes encontraram a ligação com a empresa de Glaidson, a GAS Consultoria Bitcoin, por meio dos documentos apreendidos.

O tipo de investimento chamou a atenção dos policiais, sendo considerada uma evidência de que os paramilitares já estariam aplicando em criptomoedas na tentativa de evitar o rastreio pelos órgãos de controle fiscal dos valores adquiridos a partir de negócios ilícitos.

Glaidson Acácio dos Santos, o “faraó dos bitcoins”, está preso sob a acusação de comandar um esquema de pirâmide financeira. À frente da GAS Consultoria, ele foi o principal alvo da operação realizada no mês passado pela Polícia Federal. Desde então, a vida do ex-garçom que chegou a movimentar mais de R$ 2 bilhões é investigada. De acordo com relatório da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD), da Polícia Civil do Rio, ele pode estar ligado a outros crimes, como relacionados ao tráfico de drogas.

A Justiça também autorizou, para esta quinta-feira, busca e apreensão em oito empresas que seriam usadas pelo grupo. As investigações da 18ª DP (Praça da Bandeira) comprovaram, por meio de Relatórios de Inteligência Financeira (Rifs) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e da Junta Comercial (Jucerja), que os sócios da LP Empreendimentos e Construções são “laranjas”, ou seja, prepostos da milícia. O verdadeiro dono, de acordo com o relatório da Polícia Civil, é Luiz Príncipe, que foi preso na ação desta quinta-feira. Até o momento, 15 das 23 pessoas com mandados de prisão expedidos pela Justiça foram detidas.

As investigações indicaram que a quadrilha ocultava os valores apurados em negócios ilícitos se utilizando de “laranjas” à frente de empresas, algumas de “fachada”, sobretudo no ramo da construção. Dois dos envolvidos, o casal Cintia Bernardo da Silva e Rafael Gomes da Costa, segundo o relatório, foram também alvo das investigações sobre o desabamento de dois prédios na Muzema, que causaram a morte de 24 pessoas em abril de 2019.

Cintia e Rafael movimentaram, entre créditos e débitos, significativa quantia de dinheiro com um dos principais alvos da operação desta quinta-feira, Laerte Silva de Lima, que já havia sido denunciado e preso em outra ação policial, a Intocáveis I, em janeiro de 2019. As provas colhidas pela polícia revelam que a milícia contava com um sistema que misturava dinheiro lícito com ilícito em sucessivas transações financeiras em técnica conhecida como “mescla”.

Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do Coaf, obtido pelo delegado Moysés Santana, titular da 18ª DP, responsável pelo caso, revela que houve “estratosféricas movimentações financeiras” pelos investigados. Laerte, por exemplo, movimentou R$ 898.749,00, entre 1º de outubro de 2018 e 31 de março de 2019, ou seja, em quase seis meses.

Moysés Santana era responsável pelas investigações da morte da vereadora Marielle Franco quando comandava a Delegacia de Homicídios (DH) da capital. Em julho deste ano, quando deixou o cargo na DH, Santana solicitou à chefia para levar o inquérito para a delegacia da Praça da Bandeira, uma vez que a investigação já estava avançada, prestes a ser concluída.

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