Falar de ética no Brasil é questionar a reiterada permanência de um arquétipo formado em torno de “jeitinho”. Desde a definição básica de imperativo categórico para avaliação das nossas ações de acordo com a possibilidade de atingir e sentir de outrem até um valor definitivo que se insere nas práticas profissionais e na organização política do Estado reconhece-se a incapacidade de negociá-lo, isto é, o seu conteúdo é perene e deve alcançar a todos.
Adotar postura ética significa se comprometer com o ideário que estabelece o regime político democrático, com a supremacia do interesse público sobre as vontades particulares, consubstancia-se em guia de conformidade para as ações de diversificados players, nos negócios, na política, nas atividades profissionais e na vida pessoal. Inadmissível nessa seara estabelecer pesos e medidas que variam de acordo com as posições e espaços que ocupam os atores sociais. O aperfeiçoamento institucional e democrático de uma sociedade requer o cumprimento de padrões éticos cada vez mais elevados.
Desvio de verbas públicas, conflito de interesses, informação privilegiada, insider trading, além de outras práticas que precisam ir além daquelas tipificadas enquanto crimes pela nossa legislação devem ser repudiados com veemência nos âmbitos político, profissional, econômico e social, a fim de que se eleve a previsibilidade na conduta desses sujeitos.
Discutir benefícios de setores específicos da sociedade, notadamente aqueles ligados à Administração Pública, além de pauta ética, constitui debate sobre a economia e as chances de desenvolvimento de um país, pois o inchaço do Estado, corporificado nesses aspectos, cria um peso demasiadamente difícil de suportar por uma nação que busca caminhos para retomar a trajetória de crescimento econômico.
Wilson Sales Belchior – É graduado em direito pela UNIFOR, especialista em Processo Civil pela UECE, MBA em Gestão Empresarial e mestrando em Direito e Gestão de Conflitos na UNIFOR. Também possui curso de curta duração em resolução de conflitos na Columbia Law School, nos Estados Unidos. Palestrante, professor universitário em cursos de pós-graduação em diferentes estados e autor de diversos artigos e livros, publicados em revistas, jornais, portais de notícias e editoras de circulação nacional. Conselheiro Federal da OAB (2013-2015). Vice-presidente da Comissão Nacional de Advocacia Corporativa do Conselho Federal da OAB (2013-2015). Membro da Comissão Nacional de Sociedade de Advogados do Conselho Federal da OAB (2010-2012).