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Espécie de borboleta vista apenas duas vezes na história é flagrada em SP

O registro, feito no fim do ano passado, segundo especialistas, indica uma população viável, ou seja, a presença de mais borboletas da mesma espécie.

Espécie de borboleta vista apenas duas vezes na história é flagrada em SP

A Reserva também é jardim de borboletas extremamente raras. — Foto:Reprodução

Uma espécie raríssima de borboleta, que foi vista apenas duas vezes no Estado de São Paulo, nos anos 1950 e 2000, foi encontrada no Legado das Águas, a maior Reserva privada da Mata Atlântica do País. O registro, feito no fim do ano passado, segundo especialistas, indica uma população viável, ou seja, a presença de mais borboletas da mesma espécie.

Os 31 mil hectares de floresta em alto grau de conservação do Legado das Águas, localizado no Vale do Ribeira, interior de São Paulo, são um berço e refúgio para espécies raras e ameaçadas de extinção. A Reserva também é jardim de borboletas extremamente raras.

Em 2017, foi descoberta a borboleta Godartiana byses, que jamais havia sido registrada no Estado de São Paulo e, neste ano, a Prepona deiphile deiphile, que foi vista apenas duas vezes no Estado. A primeira ocorreu em Santo André nos anos 1950 e o segundo registro foi apenas visual, nos anos 2000, em Ubatuba.

“Essa é a terceira vez que registramos essa espécie no Estado de São Paulo e conseguimos visualizar duas fêmeas. O encontro dessas borboletas é um bom sinal, sinal de que nas áreas preservadas de São Paulo podemos encontrá-las”, explicou a bióloga Dra. Laura Braga, especialista em borboletas e mariposas.

Os indivíduos fêmeas da espécie foram registrados no início do ano, nas trilhas do Cambuci e Barra dentro da Reserva. Elas se alimentam de frutas fermentadas e habitam o topo das árvores da Mata Atlântica, que são muito altas. Segundo a pesquisadora, que divulgou a descoberta apenas neste mês de dezembro, isso é um fator que dificulta o registro, aumentando a importância da descoberta.

“A identificamos assim que vimos. Ela tem um azul violeta bem forte, com manchas laranjas. A ciência sabe pouco sobre a história natural dessa espécie, não sabemos, por exemplo, qual o impacto que a extinção dessa espécie poderia causar no ecossistema e, por consequência, nos serviços ecossistêmicos prestados à humanidade”, comentou Laura.

A bióloga também diz que as espécies ameaçadas de extinção, no geral, têm populações reduzidas, são raras na natureza e a principal ameaça é a perda do habitat. 

“A perda de habitat é, em sua maioria, causada pelas atividades humanas, como desmatamento, agropecuária e urbanização. Por isso, é de suma importância descobertas sobre a distribuição e biologia dessas espécies para gerar conhecimento científico e subsidiar planejamentos para a conservação da natureza.”

Após o registro fotográfico para documentação, as borboletas foram devolvidas à natureza.

Levantamento de borboletas
O Legado iniciou, no ano de 2016, o levantamento de borboletas no Vale do Ribeira. A pesquisa está sendo realizada em parceria com a Sustentar Meio Ambiente e consistiu-se, até o momento, em sete expedições de campo para amostragens das espécies, sendo a última delas realizada em janeiro de 2019. Até o momento, foram registradas 226 espécies no Legado das Águas.

Durante as expedições, dois integrantes da equipe ficam cerca de nove dias acampados na mata analisando e procurando espécies de borboletas. “A gente faz registro fotográfico, marca ela com um número de identificação e esses registros são inseridos na literatura científica. A ideia é saber que espécies ocorrem, quais são ameaçadas, raras e as mais comuns”, diz a bióloga.

As estações chuvosas são as mais utilizadas pelos pesquisadores para as visitas a campo, pois é quando há um maior número de borboletas. Eles utilizam armadilhas com frutas e, ainda, uma armadinha chamada puçá para capturar as espécies.

O Legado das Águas
O Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, com extensão aproximada à cidade de Curitiba (PR), é um dos ativos ambientais da Votorantim. Localizada na região do Vale do Ribeira, no sul do Estado de São Paulo, a área foi adquirida a partir da década de 1940 e conservada desde então pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que manteve sua floresta e rica biodiversidade local com o objetivo de contribuir para a manutenção da bacia hídrica do Rio Juquiá, onde a companhia possui sete usinas hidrelétricas.

Em 2012, o Legado das Águas foi transformado em um polo de pesquisas científicas, estudos acadêmicos e desenvolvimento de projetos de valorização da biodiversidade, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo.

Hoje, o Legado das Águas é administrado pela empresa Reservas Votorantim, criada para estabelecer um novo modelo de área protegida privada, cujas atividades geram benefícios sociais, ambientais e econômicos de maneira sustentável.

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