Brasil

Guedes traça plano para enfrentar efeitos da crise no Brasil

Como resposta à crise, o ministro da Economia, Paulo Guedes, quer 'blindar' os projetos prioritários

Guedes traça plano para enfrentar efeitos da crise no Brasil

Ministro da Economia, Paulo Guedes, participa de evento no Palácio do Planalto 20/02/2020 REUTERS/Adriano Machado — Foto:Reuters

BRASÍLIA – O plano conjunto do governo para enfrentar os efeitos da turbulência global inclui a aceleração da agenda de reformas, atuações do Banco Central para conter o dólar e desenferrujar o canal de crédito e o reforço dos bancos públicos (Caixa e Banco do Brasil) em linhas de socorro a empresas e famílias.

Como resposta à crise, o ministro da Economia, Paulo Guedes, quer “blindar” os projetos prioritários e destravar as negociações políticas para as reformas emperradas até agora pelo embate em torno das regras do Orçamento de 2020.

Em reunião com todo o primeiro escalão da equipe econômica, na manhã de ontem, Guedes deixou claro que não tem “plano B” para a economia e que a estratégia é seguir com o plano inicial já traçado e aproveitar o ventos internacionais desfavoráveis para “aprofundá-lo”.

“Não tem caminho sem as reformas”, orientou aos seus principais auxiliares. Foi uma resposta à pressão de fora da equipe econômica paro o governo dar estímulo fiscal e mudar o teto de gasto, regra que impede que as despesas aumentem em ritmo superior à inflação.

Em entrevista ao chegar ao ministério da Economia, procurou passar uma mensagem de tranquilidade justamente no momento de maior tensão com a derrocada do preço do petróleo, após a Arábia Saudita anunciar aumento de produção em retaliação à Rússia. “Nós estamos absolutamente tranquilos, a equipe de economia está tranquila. É uma equipe serena, experiente. Já vivemos isso várias vezes. Conhecemos isso. Sabemos lidar com isso. Estamos absolutamente tranquilos, serenos. Então, é hora de justamente termos uma atitude construtiva. Os três poderes, com serenidade, cada um resolvendo a sua parte”, disse.

Guedes acionou também o presidente Jair Bolsonaro, que estava em viagem aos Estados Unidos, sobre a importância nesse momento de enviar as propostas de reforma administrativa — que reformula o RH do Estado — e o projeto de reforma tributária do PIS/Cofins. Em resposta, o presidente declarou que era leal à política liberal de Guedes. Mais tarde, pelo Twitter, Bolsonaro descartou aumento da Cide combustível como forma de compensar a perda na arrecadação com a queda abrupta no preço do petróleo. A medida foi cogitada por especialistas.

Ao longo do dia, Guedes manteve também contato com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que de São Paulo comandou a reação do governo pela frente financeira dos mercados de câmbio e juros. Logo cedo, o diretor de Política Monetária, Bruno Serra, deu o “mapa” da reação do BC ao tsunami internacional, que chegou ao Brasil já na noite de domingo.

O diretor avisou que o BC iria usar todos os diferentes instrumentos de atuação no mercado de câmbio em resposta ao choque externo: contratos de swaps e venda de dólares no mercado à vista. O que chamou atenção do mercado foi a possibilidade de liberação de mais depósitos compulsórios, recursos que os bancos são obrigados a deixar no BC. Uma primeira liberação já havia sido anunciada, mas ainda não entrou em vigor. Serra disse que o BC tem todo o arcabouço de regulação prudencial para ser acionado em caso de necessidade, além de um volume próximo de R$ 380 bilhões em compulsórios. Fontes do BC disseram ao Estado que o recado estava dado.

Bancos Públicos

Numa terceira frente de ação, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal anunciaram que vão reforçar suas linhas de crédito para fazer frente à turbulência dos mercados globais. O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, acenou com o reforço na oferta de linhas de crédito para atender a necessidade de capital de giro das empresas. Novaes disse que o BB está preparado para ser a “ponte” necessária para os nossos clientes e empreendedores nos momentos de volatilidade e de necessidade de capital de giro.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, antecipou ao Estado que o banco vai reforçar as linhas de crédito para pessoa física e empresas, principalmente as do setor imobiliário. “É uma questão absolutamente temporária e teremos reforço em especial nas linhas que temos foco, na parte das pequenas empresas, do crédito para pessoa física”, disse ele.

Em meio à turbulência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, cobrou de Guedes o envio as propostas de reforma administrativa e tributária ao Congresso. “Acho que o governo precisa comandar esse processo, deixar claro para todos os atores da sociedade, para os outros dois Poderes, o que ele pensa sobre a crise e a forma que a gente pode ajudar.” Maia disse que o governo precisará de outras ações além das reformas para enfrentar a atual crise. Ele não quis especificar quais seriam essas ações. Na equipe econômica, a preocupação maior continua sendo com as articulações com o Congresso, que continuam delicadas. (Colaboraram Amanda Pupo, Idiana Tomazelli e Camilla Turtelli).

COMPARTILHE

Bombando em Brasil

1

Brasil

Tutor é preso suspeito de matar o próprio pitbull após animal atacar cão da vizinha

2

Brasil

Brasil retoma produção de insulina capaz de suprir demanda nacional

3

Brasil

Mãe e filha moram em McDonald’s há três meses; dupla é suspeita de calotes e foi condenada por injúria racial

4

Brasil

Morre o cantor Anderson Leonardo, ícone do grupo Molejo, aos 51 anos

5

Brasil

‘X’ alega ao STF que falha técnica permitiu divulgação de live por perfis bloqueados