Desastre natural

Tornado passa em Santa Catarina; ‘Nos escondemos no banheiro para nos salvar’, diz morador

Fortes rajadas de vento causaram o destelhamento de casas e galpões industriais. Não há registro de pessoas desabrigadas ou feridas.

Tornado passa em Santa Catarina; 'Nos escondemos no banheiro para nos salvar', diz morador

Galpão destruído em Timbó. — Foto:Patrick Rodrigues/ NSC

Dois vídeos cedidos pela Defesa Civil de Timbó, no Vale do Itajaí, mostram o momento em que o tornado com rajadas de vento de 130km/h avança sobre a cidade. A tempestade de quarta-feira (5) destelhou casas, empresas e chegou a virar caminhões de uma fábrica de furgões. Ninguém ficou desabrigado ou ferido, segundo a Defesa Civil.

“Não deu tempo para nada. Vi tudo voando, para cima. Nos escondemos no banheiro para nos salvar. Era granizo, vento, temporal. Nunca vi disso”, disse o morador da cidade Gilcemar Gessner.

Gilcemar Gessner trabalhava em um dos galpões atingidos durante a passagem do fenômeno. Ele diz que o prejuízo foi total. “Não sobrou nada”, disse.

Morador de Timbó fala sobre o momento em que o tornado passou pela região; ‘Não deu tempo de nada’ — Foto: Patrick Rodrigues/ NSC

Durante a manhã de quinta-feira (6) o trabalho foi de reconstrução. O auxiliar de produção Orival Parcher também estava trabalhando na cidade.

“No começo vimos uma trovoada. E no início veio uma chuva e de repente escutamos um barulho. E ele cada vez aumentava mais. Uns colegas foram para o refeitório e eu fui para o banheiro. E o vento começou a girar e fazer cada vez mais barulho. Depois o galpão começou a descer devagar, a cair”, relembrou o auxiliar de produção, Orival Parcher.

Homens trabalhavam nesta quinta-feira (6) para consertar galpão industrial destelhado em Timbó (SC) — Foto: Patrick Rodrigues/ NSC

Tornados são comuns em Santa Catarina

Segundo a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) Andrea Ramos, Santa Catarina é uma das regiões do país mais favoráveis para formação nuvens cumulonimbus – caracterizada por seu desenvolvimento vertical que podem dar origem aos tornados.

“Este não é o primeiro tornado do ano. É muito comum em Santa Catarina [passagens de tornados]”, disse.

De acordo com a nota técnica elaborada pela Diretoria de Gestão de Risco, entre a tarde e a noite de quarta-feira (5), a passagem de uma frente fria pelo sul do Brasil, aliada ao calor sazonal e à disponibilidade de umidade foram responsáveis pelo desenvolvimento de tempestades.

“Esta condição atmosférica favoreceu o desenvolvimento de áreas de instabilidade que ocasionaram temporais acompanhados de chuva intensa, descargas elétricas (raios), rajadas de vento e nas regiões do centro leste catarinense e o destaque para a ocorrência de um tornado no Médio Vale do Itajaí”, consta no documento.

Estragos

Timbó na tarde de quarta-feira (5) — Foto: Defesa Civil/ Reprodução

O temporal também causou estragos em outras duas cidades. Houve registro de deslizamentos, pontos de alagamentos e quedas de árvores.

De acordo com a Defesa Civil, as imagens do radar meteorológico de Lontras, na mesma região, mostraram núcleos de temporais e células tornádicas às 16h57 nas proximidades de Timbó. “Nesta região, observa-se uma supercélula sobre o município, com características de tempestade severa”.

“O bairro mais atingido foi o Industrial, onde tivemos muitos destelhamentos em galpões, telhas foram arremessadas a quase 200 metros de distância”, disse o coordenador da Defesa Civil do município, Fabio Melere.

Antes da confirmação por parte do órgão estadual, a Defesa Civil municipal tratava o caso como microexplosão – concentração de fortes rajadas de ventos em uma pequena localidade.

No entanto, por conta dos estragos e análises meteorológicas, ocorreu a identificação do tornado.

FOTOS:

Telhas de zinco atingiram casa em Timbó (SC) — Foto: Patrick Rodrigues/ NSC

Estragos causados pelos forte ventos em Timbó — Foto: Defesa Civil/ Reprodução

Passagem de tornado foi confirmada pela Defesa Civil de Santa Catarina — Foto: Defesa Civil/ Reprodução

Timbó na manhã desta quinta-feira (6) — Foto: Patrick Rodrigues/ NSC

Timbó (SC) — Foto: Defesa Civil/ Reprodução

Galpão destruído em Timbó — Foto: Patrick Rodrigues/ NSC

Tornado também causou o destelhamento de casas — Foto: Defesa Civil/ Reprodução

Defesa Civil de Taió registrou queda de árvores — Foto: Prefeitura de Taió/ Reprodução

Ponto de alagamento em Timbó — Foto: Raquel Piske/Ascom PMT

Destelhamento registrado pela Defesa Civil em Timbó — Foto: Defesa Civil/ Reprodução

Tempestade

De acordo com o boletim divulgado pela Defesa Civil estadual nesta quinta-feira (6) Rio Fortuna, no Sul, e Bom Jardim da Serra e Santa Rosa de Lima, na região serrana, registraram o maior acumulado de chuvas em 24 horas.

Segundo a Central de Meteorologia da NSC, uma frente fria provocou a queda do grande volume de água na tarde de quarta-feira (5) em algumas regiões.

Foram registrados em Rio Fortuna 123 milímetros de chuva, segundo a Defesa Civil. O Rio Pequeno, que fica na divisa da cidade com Grão Pará, teve cheia.

“[O rio] Já está retornando ao leito normal. É um rio de serra, sobe rápido e baixa muito rápido também, são trovoadas. É muito com no verão, é quase como se fosse uma cabeça d’água”, explicou a Defesa Civil da cidade.

Defesa Civil registrou deslizamento de terra em Brusque (SC) — Foto: Defesa Civil/ Reprodução

Em Brusque, houve registro de alagamentos e deslizamento de terra. Segundo a prefeitura, os bairros de Limeira e Nova Brasília foram os mais atingidos.

De acordo com Edvilson Cugik, que coordena a Defesa Civil de Brusque, ocorreram enxurradas em algumas localidades. Ninguém ficou ferido.

Deslizamento de terra foi registrado em Brusque na quarta-feira (5) — Foto: NSC TV/ Reprodução

Brusque (SC) — Foto: NSC TV/ Reprodução

Previsão do tempo

Segundo a Defesa Civil, um sistema de alta pressão próximo do Uruguai favorece a circulação marítima em direção ao Litoral e Vale do Itajaí, o que deixa o tempo nublado e com possibilidade de chuva.

Nas demais regiões a combinação do aquecimento diurno com a disponibilidade de umidade e instabilidades favorecem o registro de pancadas de chuvas isoladas.

As temperaturas chegam a 32°C no Oeste, 27°C em boa parte das cidades e 25°C na Serra catarinense.

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