Turma da Mônica

Maurício de Sousa celebra 60 anos do personagem Cebolinha: ‘Orgulhoso pelo filho que eu criei’

O garotinho de cabelo espetado foi inspirado em uma pessoa real, um amigo que costumava jogar bola com o irmão dele em um campinho de terra na cidade de Mogi das Cruzes.

Maurício de Sousa celebra 60 anos do personagem Cebolinha: 'Orgulhoso pelo filho que eu criei'

A chegada aos 60 anos terá comemoração especial para Cebolinha -que, na verdade, está há seis décadas comemorando sete anos de idade. — Foto:Reprodução

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Hoje é dia de festa no bairro do Limoeiro, já que é aniversário de 60 anos do Cebolinha, personagem da Turma da Mônica criado em 1960 e que até hoje é um dos mais queridos do público. Seja falando “elado”, trocando o ‘R’ pelo ‘L’, ou imaginando algum plano infalível para arrancar o coelho de Mônica, ele já aprontou boas tramoias nas histórias criadas por Mauricio de Sousa, 84, que na década de 1950 trabalhou como repórter da Folha de S.Paulo até deixar esse trabalho para se dedicar integralmente ao cartunismo.

“Essa marca representa que um dos meus filhos chegou à melhor idade”, brinca Sousa, em entrevista ao F5. “Logicamente, eles são como se fossem meus filhos e a imagem que eu coloco em cada um me deixa tranquilo e satisfeito. Não é em qualquer lugar do mundo que um personagem mantém postura, simpatia e força. Estou orgulhoso do filho que eu criei”, diz o cartunista, que pretende dar festa a seus 400 funcionários em março de 2021 para celebrar a data.

A história da origem de Cebolinha é muito curiosa. De acordo com Sousa, o garotinho de cabelo espetado foi inspirado em uma pessoa real, um amigo que costumava jogar bola com o irmão dele em um campinho de terra na cidade de Mogi das Cruzes (Grande São Paulo). Cebola era o apelido dele, por causa do penteado diferente que usava na época.

E acredite se quiser: o jovem também falava “elado”. Era a figura perfeita que Mauricio de Sousa precisava para criar, anos depois, o Cebolinha com suas características marcantes e que nunca foram perdidas. “Ele está vivo e mora em Mogi. Deve estar com uns 70 anos, gozando de uma certa fama na cidade. Anos atrás, quando ele trabalhava como mestre de obras, as pessoas disputavam pelo seu serviço, afinal, todos queriam contratar o Cebolinha. Imagino que ele tenha uma gratidão por mim, mas eu também tenho por ele”, diz Sousa, que vez ou outra faz uma visita a Cebola.

Cebolinha foi um dos primeiros personagens criados por Sousa. Na década de 1960, ele era o único que usava sapato. Como Sousa não tinha muitos personagens no começo da carreira, ele podia se dedicar mais horas a detalhar seus traços. Mas, quando mais jornais começaram a pedir as tirinhas, o cartunista aumentou seu leque de figurinhas e não tinha mais tempo de desenhar sapatos.

“A primeira tira dele, já com a Mônica, eu lembro até hoje. Andava pela guia da calçada e encontrava a amiga sentada em seu caminho. Ele dizia: ‘Sai da frente, ‘golducha’, quero passar’. A Mônica levantava e enchia ele de coelhada. Em seguida, Cebolinha reclamava: ‘Puxa vida, as mulheres desequilibram os homens'”, relembra.
E por falar em Mônica, a chegada dela às histórias, em 1963, fez com que Cebolinha fosse mudando suas características comportamentais. No início da década de 1960 era ele quem roubava a cena. Mas, após a criação da personagem inspirada na filha de Sousa, Cebolinha correu atrás do prejuízo.

“Aquela menina valente, brava e voluntariosa começou a se destacar mais do que ele. Era mais notável. Tanto que de Turma do Cebolinha virou Turma da Mônica. E nas tiras eu represento isso. Ele mudou seu comportamento e passou a querer recuperar o seu espaço e a tomar o que é da Mônica. Mas transformo isso em um conflito bonito e que, no final, ambos fazem as pazes”, diz.

NOVO FILME

Em 2021, Cebolinha poderá ser visto mais uma vez nos cinemas, assim como toda a trupe. A segunda versão do filme da Turma da Mônica, “Lições”, que seria lançada em dezembro, deve estrear somente no ano que vem. Nele, os personagens estarão na escola. “Educação é muito importante e representativa. A Turma da Mônica alfabetizou muita gente e essa é uma medalha que eu carrego em meu peito”, afirma Mauricio de Sousa.

Na avaliação dele, Cebolinha é um dos personagens mais queridos do público devido à identificação que ele causa nas pessoas. E é por isso que até hoje ele recebe mensagens de gente que deseja ler histórias sobre o famoso plano infalível que o garotinho sempre tenta contra a amiga Mônica. “Cebolinha inspira carinho por causa do lado fraco dele. Ele sempre deseja algo e nunca consegue. As pessoas querem ver, até hoje, o famoso plano infalível dele dar certo.”

O cartunista afirma que não há planos de atender ao desejo dos aficionados pelos quadrinhos. “Não vou dar spoiler, quem sabe um dia ele consegue?”, despista. Ele cita ainda que o público sempre pergunta por que ele sempre se dá mal nas histórias. “O que tem de gente que me pergunta: ‘Ele é tão bonitinho, mas por que sofre tanto?’. São sempre observações de carinho.”

Se o Cebolinha faz sucesso no Brasil, também tem lá seu respaldo no exterior. Em 2007, um boneco de vinil do personagem foi visto em uma parte do filme australiano “Black Water”, no qual viajantes são atacados por um crocodilo. “Nunca fui adivinho ou futurólogo, não imaginava que esse sucesso fosse durar tanto e que Cebolinha fosse parar em outro país. Mas planejei e corri atrás”, diz Sousa.

EDIÇÃO COMEMORATIVA E POLITICAMENTE CORRETA

A chegada aos 60 anos terá comemoração especial para Cebolinha -que, na verdade, está há seis décadas comemorando sete anos de idade. A Mauricio de Sousa Produções e a Panini lançam no dia 1° de novembro uma edição comemorativa de uma revista em capa dura com histórias do personagem.

Intitulada “Dono da ‘Lua'” (era para ser rua, mas ele troca as letras, como de praxe), o gibi -já disponível na pré-venda pelo preço de R$ 49,90 no site da Amazon- mostrará mais aventuras de Cebolinha. De acordo com Sousa, será um compilado com as melhores e mais clássicas tramas nesses 60 anos.

O autor explica, porém, que muitas piadas e brincadeiras de seis décadas atrás poderiam ser encaradas de uma forma diferente atualmente. Por isso, qualquer historinha politicamente incorreta será editada ou cortada. “Vemos com olhos mais exigentes e cuidadosos. Queremos evitar constrangimento. Nos velhos tempos, algumas situações eram aceitáveis, hoje, não.”

Entre as situações que foram cortadas estão algumas em que Mônica bate no Cebolinha e ele aparece no chão com o olho roxo e sem dente. “Seria um palavreado de antigamente, alguma situação de mais agressividade. Algumas crianças chegaram a me escrever para apontar que não gostavam de o Cebolinha todo machucado. Eu suavizei tudo. Nos últimos anos a Mônica só corre atrás dele, mas não bate”, diz o cartunista.

E as novidades não param por aí. Na última quarta (21), o canal da Turma da Mônica no YouTube, que tem mais de 4,5 bilhões de visualizações, iniciou uma série de curtas cujo protagonista é o Cebolinha. Trata-se de um compilado com dez episódios, voltados a um público ainda mais novo, com aventuras do personagem e de sua turma.

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