Economia

Brasil se une à Rússia, Índia e China em busca de desenvolvimento econômico

Apresentados ao mundo há apenas uma década, os Brics — Brasil, Rússia, Índia e China — querem ter mais coisas […]

Apresentados ao mundo há apenas uma década, os Brics — Brasil, Rússia, Índia e China — querem ter mais coisas em comum do que, simplesmente, habitantes aos milhões e terras em abundância. Locomotivas do capitalismo pós-crise, essas nações crescem a taxas superiores a dos ricos e, juntas, já respondem por dois terços do potencial de consumo global. As projeções mais conservadoras indicam que até 2050 o Produto Interno Bruto (PIB) combinado do grupo terá alcançado a fabulosa marca de US$ 37 trilhões — contra os US$ 11 trilhões atuais — e todos os integrantes, sem exceção, terão seus lugares reservados no seleto clube das maiores economias globais.

Boa parte do avanço aguardado para as próximas décadas, no entanto, depende de como cada país se relaciona agora e, sobretudo, de que maneira pretende interagir no futuro tanto com emergentes, como com desenvolvidos. Diferenças de toda sorte expõem distâncias quase inalcançáveis. E é na tentativa de encurtá-las que os líderes dos quatro países, mais a África do Sul — que passa a integrar os Brics em caráter oficial — reúnem-se, a partir desta semana, na China. O desafio está em imprimir por meio da aproximação política uma marca comum que possa render frutos também no campo dos negócios.

Na paradisíaca ilha de Hainan, localizada ao sul da China, os representantes emergentes ficarão frente a frente. O pano de fundo para os debates sobre a ampliação do fluxo de comércio e os acordos bilaterais serão a recuperação lenta dos Estados Unidos depois do tombo com os títulos imobiliários podres, em 2008, e as incertezas que rondam a periferia da Europa. A recuperação da economia mundial é pré-requisito para que os Brics cheguem ao topo mais rápido, ainda que teóricos pesos-pesados atribuam aos países -membros status diferenciados.

Desafino
Jim O’Neill, criador do termo pelo qual são conhecidos Brasil, Rússia, Índia e China, tem defendido que os quatro pertencem a uma categoria à parte. “É cada vez mais claro para mim que se referir às nações dos Brics como emergentes não faz mais sentido. Os Brics, com alguns outros países, merecem um status diferente de muitos outros que podem ser corretamente classificados como mercados emergentes”, escreveu ele em artigo publicado há duas semanas no jornal britânico The Times.

Os números deixam claro que os Brics estão prestes a migrar para prateleiras bem mais valorizadas do varejo econômico mundial. Grandes exportadores e importadores de produtos in natura, de manufaturados e de commodities energéticas, os quatro países sustentam na indústria, no mercado doméstico e no setor de serviços os níveis recorde de crescimento experimentados até agora. Para muitos especialistas, o emprego em alta, o avanço da classe média e a melhoria da distribuição de renda serão combustíveis para as estatísticas, que deverão continuar jogando a favor dos Brics por décadas.

David Fleischer, cientista político da Universidade de Brasília (UnB), diz que as perspectivas de fortalecimento são promissoras, mas que hoje os Brics estão desafinados. “Os países têm suas demandas individuais, que não são simples de serem resolvidas. É preciso sentar-se à mesa, encontrar consenso naquilo que é possível. Não é tarefa fácil”, explica. No caso do Brasil, Fleischer prevê dificuldades, por exemplo, na busca por apoio a uma vaga permanente no

Conselho de Segurança das Organizações das Nações Unidas (ONU). “Para mim, a presidente Dilma deveria aplicar o bom e velho ‘toma lá dá cá’ quando recorresse aos chineses, por exemplo”, completa o especialista.

Mas são as diferenças que os separam que podem, no fim das contas, atrapalhar Brasil, Rússia, Índia e China. À frente do desejo de maior integração e de mais espaço no concorrido contexto internacional, estão interesses individuais de difícil conciliação alimentados pelos países. Para o Brasil, o que importa é reduzir barreiras tarifárias aos produtos exportados e, ao mesmo tempo, preservar a indústria nacional. No caso dos russos, o objetivo é vender petróleo e gás a quem oferecer mais. Já os indianos, com sua oferta de serviços, esperam dos parceiros contratos vantajosos para continuar empregando mais pessoas. A China insiste em suprir o planeta, a preços baixos, de tudo o que pode ser comprado.

Coincidência ou não, foram as commodities energéticas que estenderam o tapete vermelho aos novos bilionários dos Brics. O último levantamento da revista Forbes aponta que a quantidade de endinheirados aumentou muito mais em território emergente do que nas praças tradicionalmente mais ricas do planeta. A China quase dobrou a quantidade de bilionários, registrando agora 115. Rússia e Brasil elevaram em dois terços seus contingentes de ricos.

Sem atração
No momento em que o mundo enfrenta um choque de preços histórico, que encareceu a comida e jogou para o alto a inflação global, países produtores como o Brasil lutam para incrementar a pauta de exportações de itens com maior valor agregado. “A agenda agrícola entre os Brics é pouco atraente. O que pesa são os acordos bilaterais”, justifica André Nassar, diretor-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone).

Correio Braziliense

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