Entrevista

Primeiro lugar no concurso para juiz do TJPB revela segredo da aprovação

Para o magistrado, a crise econômica no país não vai paralisar por completo a realização de concursos públicos

Primeiro lugar no concurso para juiz do TJPB revela segredo da aprovação

Seu conselho é que os candidatos continuem firmes nos estudos e não esmoreçam, pois a crise deverá ser contornada e há cargos públicos que não podem ficar sem preenchimento — Foto:TJPB

­­­­­­­­­­­­­­­­­O primeiro colocado no concurso público para juiz de Direito do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), Luiz Gonzaga Pereira de Melo Filho, revelou em entrevista ao Portal ClickPB qual o segredo da aprovação. Ele desaconselha estudar por livros, dá algumas dicas importantes de estudo e explica por que não fez cursinho.

Gonzaga vê com bons olhos o estudo à distância e ressalta que a preparação tem que ser contínua, e não esporádica. Para o seu cargo, ele focou no estudo da legislação, resumos e jurisprudência dos tribunais, especialmente conteúdos do STF e do STJ.

Para o magistrado, a crise econômica no país não vai paralisar por completo a realização de concursos públicos. Seu conselho é que os candidatos continuem firmes nos estudos e não esmoreçam, pois a crise deverá ser contornada e há cargos públicos que não podem ficar sem preenchimento, sobretudo os essenciais ao funcionamento do Estado. “A máquina pública não pode parar”, disse o juiz, que não fará mais concurso porque já alcançou o que desejava.

ClickPB – Você foi aprovado em primeiro lugar para Juiz de Direito na Justiça Estadual da Paraíba, cargo de difícil aprovação. Como você alcançou isso?

Juiz Luiz Gonzaga Com muito esforço, dedicação e perseverança. Durante o concurso, que perdurou por quase um ano e meio, várias foram as privações, as noites mal dormidas; inúmeros os momentos de ansiedade. Tenho a convicção de que fui aprovado não porque sou diferenciado ou excepcional, mas porque persisti, não desisti, renunciei. Como diria Thomas Edison, o sucesso é 1% inspiração e 99% transpiração.

É preciso, ainda, fazer um justo e necessário reconhecimento. Sem o apoio daqueles que sempre estiveram ao meu lado, familiares e amigos, esse sonho jamais se concretizaria. Sou grato ao meu pai (Luiz Gonzaga) e à minha mãe (Hilma) pela educação de excelência a mim proporcionada, pelo apoio, pelos conselhos, pelo exemplo e, principalmente, pelo amor incondicional. À minha esposa Joana, pelo amor compreensivo, que me forneceu o suporte emocional necessário para que eu mantivesse o foco no objetivo final e a serenidade na desgastante rotina de quem se prepara para um concurso. À minha irmã (Rose), aos demais familiares e amigos, pelas orações e pela torcida que, não tenha dúvidas, me deram força para prosseguir em frente na batalha.

ClickPB – Qual foi o índice de concorrência desse concurso?

Gonzaga Inicialmente, foram ofertadas 15 vagas, para cuja concorrência se habilitaram cerca de 4000 inscritos, candidatos vindos de todas as regiões do país, muitos deles já ocupantes de relevantes funções: juízes, promotores, defensores públicos, advogados públicos e privados, delegados e serventuários.

ClickPB – Quantos concursos você prestou contando com este e o você era antes de ser nomeado juiz?

Gonzaga Durante a graduação, prestei três concursos para serventuário, vindo a ser aprovado no último deles, para o TJPB, onde iniciei a minha carreira no serviço público. Retorno ao próprio TJPB este ano, agora como magistrado, após uma experiência enriquecedora, do ponto de vista profissional e pessoal, em Brasília e, mais recentemente, em Manaus, na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e na Advocacia-Geral da União, órgãos perante os quais atuei durante pouco mais de 3 anos.

ClickPB – Quantas horas por dia você estuda, e de que forma?

Gonzaga Desde que me graduei, precisei conciliar o trabalho com os estudos, de forma que eu dedicava um turno (manhã ou tarde) à preparação para concursos. Entendo que a quantidade de horas de estudo não é o fator mais relevante à aprovação. O mais importante é ter disciplina, mantendo uma preparação contínua, não esporádica. O momen­­to que exige maior dedicação e renúncia é após a publicação do edital, a partir de quando o conteúdo programático deve ser integral e exaustivamente revisado.

Eu não me matriculei em cursinhos, não por falta de interesse, mas por insuficiência de tempo disponível. Contudo, percebo que a disseminação da modalidade de ensino à distância revolucionou a preparação dos candidatos para concursos, rompendo barreiras geográficas e possibilitando que qualquer pessoa tenha acesso aos melhores professores, independentemente de onde resida.

Quando eu iniciei a minha preparação para a magistratura, em 2011, um colega fez a gentileza de me passar os seus resumos, elaborados com base nas aulas de um desses cursinhos à distância. Desde então, eu vim estudando e atualizando esse material, inserindo os julgamentos mais importantes dos tribunais a respeito de cada assunto.

É bastante comum também que os ‘concurseiros’ se agrupem, com o objetivo de elaborar resumos, dividindo entre si os pontos que integram o conteúdo programático do certame almejado.

ClickPB – Utiliza alguma metodologia – priorizando disciplinas, por exemplo? Quais orientações você daria aos ‘concurseiros’ ou a outras pessoas que não têm concurso como rotina?

Gonzaga Na minha concepção, o estudo ideal para concurso público envolve a legislação, os resumos e a jurisprudência dos tribunais, notadamente os recursos repetitivos e os informativos do STF e do STJ.

Estudar por livros se mostra inviável, pois os conteúdos programáticos são muito extensos e a matéria deve ser assimilada em um espaço de tempo muito curto. Para fins de concurso, devemos recorrer aos livros apenas como fonte complementar, de aprofundamento dos pontos mais importantes.

Em relação aos julgados dos tribunais, eu estudava diretamente pelo sítio eletrônico e pelos informativos do STF e do STJ. Os ‘concurseiros’ costumam estudar pelo renomado site “Dizer o Direito”, que comenta e esmiúça os informativos dos Tribunais Superiores.

ClickPB – Quais as diferenças na forma de estudar, dependendo do concurso?

Gonzaga Procurar conhecer o perfil da instituição responsável pela elaboração das provas é uma providência essencial a quem está se preparando para um determinado concurso. E isso se faz através da resolução e da análise das provas anteriormente aplicadas.

Através dessa análise, é possível aferir de onde as questões elaboradas estão sendo extraídas, bem como os assuntos cobrados de maneira mais recorrente. A resolução simulada das provas anteriores é benéfica também porque nos passa experiência e segurança, além de fornecer um panorama do nosso desempenho em cada matéria.

Em suma, a estratégia mais eficiente para lograr êxito num concurso público passa necessariamente pelo conhecimento do perfil da banca organizadora e pela constante avaliação do nosso desempenho, informações que são obtidas, como dito, através da resolução e análise das provas anteriores.

ClickPB – Com essa redução do número de vagas em concursos, devido à crise, o que fazer? Onde as pessoas devem focar?

Gonzaga É bem verdade que o momento econômico sensível pelo qual passa o nosso país vai repercutir na quantidade de concursos e nomeações.

Todavia, não haverá uma absoluta suspensão da realização de certames, pois a máquina pública não pode parar. Não vejo como a crise possa afetar o provimento de determinados cargos públicos, sobretudo os essenciais ao funcionamento do Estado, a exemplo da magistratura.

Quem vem acompanhando as publicações dos editais pode confirmar a veracidade do que estou falando. Apenas na semana passada, foi noticiada a abertura de concurso para Juiz Substituto do Estado do Paraná e Defensor Público do Estado de Alagoas.

Portanto, o conselho que dou é: não esmoreçam, continuem firmes nos estudos! Não haverá uma paralisação absoluta da realização de concursos. Além disso, as dificuldades orçamentárias que vivenciamos atualmente hão de ser contornadas cedo ou tarde, com a retomada do ritmo normal de contratações.

ClickPB – O que você pretende fazer, agora, como juiz? Vai exercer a atividade judicante ou tentar novos concursos?

Gonzaga O meu sonho sempre foi o de ser magistrado estadual!

O papel desempenhado pelo juiz é de inegável importância para a vida em sociedade, pois a ele é atribuída a função de dirimir conflitos de interesses, algo natural e inerente à própria convivência entre seres humanos. Além disso, o Poder Judiciário é corresponsável pela concretização dos direitos humanos e fundamentais, exercendo um protagonismo nesse mister. O exemplo mais notável disso são as demandas de pacientes por medicamentos ou procedimentos cirúrgicos não fornecidos espontaneamente pelo Estado.

As características acima citadas são comuns a todos os segmentos do Poder Judiciário, mas destaco que a magistratura estadual, a carreira por mim escolhida, atraiu o meu interesse por lidar, de maneira direta, com os problemas mais imediatos da população. É o juiz estadual que se debruça sobre casos extremamente sensíveis e, infelizmente, tão recorrentes do nosso cotidiano: a mãe que reclama uma creche para seu filho, as centenas de mulheres que apanham dentro dos próprios lares, a idosa com o rosto espancado por um filho dependente de drogas, entre inúmeros outros.

Buscar soluções para problemas como esses torna a magistratura estadual uma carreira fascinante e desafiadora. E eu estou extremamente grato e feliz por ter realizado o sonho de nela ingressar, sobretudo por ter conseguido fazê-lo na minha querida terra natal, a Paraíba.

Em retribuição por esta dádiva de Deus, pretendo dar o melhor de mim no exercício da judicatura, função para a qual me preparei durante toda a minha vida. A assunção da tão nobre função de magistrado não deve ser encarada como uma mera conquista pessoal, mas como uma oportunidade de efetivamente fazer a diferença na vida dos cidadãos, que tanta confiança depositam na magistratura. Foi esse desafio que sempre sonhei assumir. É essa responsabilidade que recebi esse ano. Será essa missão que, com humildade e empenho incessante, enfrentarei de agora em diante.

Algumas dicas práticas valiosas às pessoas que querem estudar para concurso:

Palavras-chave: esforço, dedicação e perseverança.

Conselho aos familiares e amigos: confiança e apoio incondicionais, pois a rotina de quem se prepara para um concurso é realmente desgastante.

Rotina: manter uma preparação contínua, não esporádica.

Edital publicado: concentração de esforços, com a revisão integral do conteúdo programático.

Material de estudo ideal: legislação, resumos e jurisprudência dos tribunais (recursos repetitivos e informativos do STF e do STJ).

Livros: fonte complementar, de aprofundamento dos pontos mais importantes.

Resolução e análise de provas anteriores: permite conhecer o perfil da banca organizadora e avaliar o nosso desempenho em cada matéria.

Sonhe! A vontade firme de assumir determinado cargo nos fornece a força necessária a prosseguir em frente nos estudos.

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