O erro humano é a pista privilegiada pelos investigadores alemães neste sábado, no dia seguinte ao acidente de um trem com sustentação magnética que deixou 23 mortos e 10 feridos no noroeste do país. O acidente, o mais grave dos últimos oito anos na Alemanha, aconteceu por causa de uma “negligência humana” e não de uma falha técnica, declarou um magistrado do ministério público durante uma entrevista coletiva no local.
Os investigadores estão se concentrando sobre o que aconteceu na cabine de controle, onde duas pessoas eram encarregadas de monitorar o trem durante seu percurso, destacou o procurador de Osnabrück, Alexander Retemeyer. Segundo os primeiros elementos da investigação, o Transrapid, que estava a cerca de 170 km/h, entrou em colisão com um veículo de manutenção com plataforma onde estavam dois operários que se dedicavam, como a cada manhã, a trabalhos de limpeza, retirando galhos de árvores ou outros obstáculos eventuais à circulação do trem.
O ministério público “privilegia a pista de um erro humano”, disse Retemeyer. As operações de retirada dos escombros prosseguiam neste sábado no local do acidente. Com 31 passageiros a bordo, o Transrapid partiu pouco antes das 10h locais de sexta-feira para um percurso de teste, quando o veículo de manutenção ainda estava na via. “Temos de examinar se as medidas de segurança eram suficientes e se elas foram aplicadas a cada etapa”, afirmou o ministro dos Transportes, Wolfgang Tiefensee, que se deslocou ao local da tragédia neste sábado. “Como previsto, a velocidade inicial era de 170 km/h (o Transrapid pode alcançar uma velocidade de 450 km/h), e é a esta velocidade que, pouco após a partida, o trem se chocou contra o veículo de manutenção”, frisou o procurador.
O acidente aconteceu entre Lathen e Melstrup, perto da fronteira com a Holanda, em uma via de testes de 31,5 km, considerada como a mais extensa da Europa e ativa desde 1984. No momento da colisão, o trem estava numa passagem de concreto a cerca de quatro metros do solo. Os dois operários que estavam no veículo de manutenção sobreviveram ao acidente, mas ambos estão gravemente feridos. O ministério público aguarda o depoimento dos dois para elucidar as circunstâncias do drama.
Vinte e cinco dos 31 passageiros do trem morreram. Outros estão hospitalizados, alguns deles em estado grave, mas nenhum corre risco de vida. Dois americanos estão entre as vítimas. O acidente de Lathen é o primeiro de tamanha gravidade envolvendo um trem utilizando a tecnologia de sustentação magnética. A chanceler alemã Angela Merkel, que foi ao local na noite de sexta-feira, apresentou suas condolências às famílias das vítimas. Cerca de 150 socorristas estiveram no local do acidente para retirar as vítimas e os feridos dos escombros.
A catástrofe ferroviária mais mortífera desde 1945 remonta ao dia 3 de junho de 1998, quando um trem InterCity Express que fazia a ligação entre Munique (sul) e Hamburgo (norte), descarrilou em Eschede (norte), provocando 101 mortos e 88 feridos. Fabricado por um consórcio reunindo os grupos alemães Siemens e ThyssenKrupp, o Transrapid é utilizado comercialmente em um único país no mundo, a China, numa ligação de cerca de 30 km entre Xangai e seu aeroporto. Negociações estão em andamento para uma extensão de cerca de 200 km, entre Xangai e Hangzhou, um contrato avaliado em 4,3 bilhões de dólares.
Angela Merkel declarou na noite de sexta-feira que esta catástrofe não questionava a existência do Transrapid, considerando que se trata de uma “tecnologia segura”.
AFP
Erro humano causou o acidente com o trem, dizem técnicos
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