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Líder antiditadura da Belarus é condenada a 11 anos de prisão

No mesmo julgamento, feito a portas fechadas, o advogado Maksim Znak, 40, foi condenado a 10 anos em prisão de segurança máxima.

Líder antiditadura da Belarus é condenada a 11 anos de prisão

Algemada durante seu julgamento, a música Maria Kalesnikava, uma das líderes da oposição à ditadura belarussa, forma um coração com as mãos, símbolo com que ficou identificada na campanha à Presidência de 2020. — Foto:Ramil Nasibulin - 6.set.2021/BelTA/Handout

BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) — A música Maria Kalesnikava, uma das principais opositoras da ditadura da Belarus, foi condenada nesta segunda (6) a 11 anos de cadeia. Kalesnikava, 39, fez parte do trio de mulheres que liderou uma frente contra o ditador Aleksandr Lukachenko na eleição presidencial de 2020.

No mesmo julgamento, feito a portas fechadas, o advogado Maksim Znak, 40, foi condenado a 10 anos em prisão de segurança máxima. Ambos integravam a liderança do comitê de transição, criado logo no ano passado para tentar negociar com a ditadura a realização de novas eleições justas e livres.

Os dois podem recorrer da sentença.

Kalesnikava estava presa desde 8 de setembro do ano passado, quando escapou pela janela de um carro e rasgou seu passaporte para evitar uma expulsão forçada da Belarus. No dia anterior, ela havia sido sequestrada quando caminhava em Minsk e interrogada por agentes da KGB, polícia secreta belarussa.

Znak foi detido no dia 9 de setembro. Os dois integram a lista de 659 presos políticos contabilizados nesta segunda pela organização de direitos humanos Viazna.

Eles foram condenados por “conspiração com o objetivo de tomar ou reter o poder do Estado de forma inconstitucional”, “incentivar publicamente a tomada do poder do Estado, ou mudança forçada da ordem constitucional” e “criar ou liderar organização extremista”.

De acordo com a acusação, que havia pedido 12 anos de cadeia para os dois, eles tentaram uma “mudança ilegal de poder”, ao promover protestos de massa “como uma ferramenta para atingir objetivos e criar clima de protesto entre os participantes”.

“Repetidamente, diretamente e de forma velada, eles pediram o reconhecimento das eleições como inválidas e do chefe de Estado como em exercício ilegítimo”, afirmou a Promotoria em um comunicado.

As manifestações na Belarus começaram de forma espontânea na noite da eleição presidencial, em 9 de agosto, quando a comissão eleitoral divulgou que Lukachenko havia sido reeleito para um sexto mandato, com 80% dos votos.

A ditadura afirmava que a principal candidata independente, Svetlana Tikhanovskaia — que formava um trio com Kalesnikava e Veronika Tsipkalo — , obtivera pouco mais de 10% dos votos, o que foi visto como fraude pelos manifestantes.

O protesto foi duramente reprimido pela polícia, detonando novas manifestações, que duraram diversas semanas. Desde então, a ditadura deteve dezenas de milhares de pessoas por participar de eventos ilegais -atos só podem ser realizados com permissão do regime – mais de 500 casos de tortura foram documentados por entidades nacionais e internacionais.

Em entrevista à emissora independente russa Dozhd antes do julgamento, Kalesnikava chamou de “absurda” a acusação contra ela e Znak: “É uma prova da ilegalidade do Estado policial”.

Segundo a defesa de Kalesnikava e Znak, durante o julgamento eles mantiveram sua posição de que as eleições foram fraudadas e negaram conspiração para derrubar a ditadura de forma ilegal. Kalesnikava cantou durante várias das sessões, de acordo com seus defensores -entre as músicas estavam canções dos Beatles, de Ella Fitzgerald e a “ária de Lensky”, da ópera “Ievgueni Oniéguin”, do russo Tchaikovski.

Um vídeo publicado em rede social mostra a música sorrindo e dançado durante o julgamento. O objetivo dos ativistas, de acordo com a defesa, era manter o ânimo dos opositores da ditadura.

Kalesnikava foi no ano passado a chefe de comunicação da campanha eleitoral do mais popular rival de Lukachenko, Viktor Babariko, 57, também condenado pela ditadura a 14 anos de prisão.

Quando foi detido pela ditadura, em junho do ano passado, Babariko já havia assegurado 435 mil assinaturas em apoio a sua candidatura a presidente, mais que o quádruplo do necessário.

O patamar jamais havia sido alcançado por um opositor desde que Lukachenko assumiu o poder, em 1994, na primeira eleição – e a única livre – pós-URSS.

Mesmo depois de preso, o ex-candidato manteve sua popularidade – pesquisas independentes são quase impossíveis na Belarus, mas um levantamento online feito em janeiro pela ONG Chatham House o colocou na liderança do apoio popular, com 28,8% das citações.

No ano passado, Babariko e Kalesnikava anunciaram a formação de um novo partido, o Vmeste (juntos, em russo). A previsão era inscrever formalmente a legenda em maio deste ano, mas a repressão política crescente por parte da ditadura frustrou os planos.

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