Crise ambiental

Mundo está longe da promessa de acabar com desmatamento até 2030

É essa a conclusão de um relatório do Forest Declaration Assessment (em tradução livre, avaliação da declaração de florestas), divulgado nesta segunda (24).

Mundo está longe da promessa de acabar com desmatamento até 2030

Desmatamento na Amazônia cresceu 56,6% sob o governo de Jair Bolsonaro, aponta estudo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). — Foto:Reprodução/Greenpeace

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — O mundo não está no caminho para cumprir os compromissos assumidos para acabar com a perda de florestas e a degradação de terras até 2030 e, também, os de restaurar áreas já degradadas. E o Brasil, com seus elevados níveis de desmatamento, tem parte da responsabilidade.

E por que isso é importante? Desmatamento e degradação estão diretamente associados com mais emissões de gases-estufa e, consequentemente, com mais impulso à crise climática e menor possibilidade de evitar que o planeta ultrapasse o 1,5°C de aumento de temperatura.

É essa a conclusão de um relatório do Forest Declaration Assessment (em tradução livre, avaliação da declaração de florestas), divulgado nesta segunda (24).

O relatório leva em conta o documento assinado por 145 nações, em 2021, na COP26 (a conferência da ONU sobre mudanças climáticas), a Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra. Também considera os compromissos assumidos na Declaração de Nova York sobre Florestas, que aponta para a necessidade de restauração de 350 milhões de hectares de matas.

Segundo a avaliação, ainda que as emissões associadas a desmatamento representem somente de 10% a 12% das emissões totais no mundo, a eliminação dessa fatia de gases é importante para conseguir atingir o que foi convencionado sob o Acordo de Paris.

O documento ressalta o exíguo tempo para eliminar o desmatamento, como acordado nas declarações internacionais. “Apesar de sinais encorajadores, não há nenhum indicador global em dia para a concretização dos objetivos de 2030”, aponta o relatório.

A avaliação também afirma que, globalmente, é necessária uma redução anual de 10% no desmate para atingir o objetivo de 2030.

A parte tropical da Ásia é a única região do mundo no caminho certo para conseguir parar o desmatamento até 2030, segundo o documento, que aponta que as emissões por desmate de mata primária têm caído há cinco anos consecutivos nos países da região.

De acordo com o relatório, mecanismos legais robustos, como moratórias, são importantes para a proteção de florestas e foram postos em prática em anos anteriores. A moratória da soja no Brasil é um bom exemplo. A partir dela ficou proibida a comercialização do produto que tivesse origem em áreas com desmatamento. O PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal) também é citado pelos autores da avaliação.

Apesar disso, mais recentemente se observou um enfraquecimento ou reversão de tais mecanismos. Ao comentar o assunto, o documento cita o Brasil.

“Um estudo de 2021 mostrou que a Indonésia, assim como outros quatro países com florestas tropicais -Brasil, Colômbia, República Democrática do Congo e Peru — recuaram em regulações sociais e ambientais em anos recentes”, diz o relatório.

O caso da Indonésia é exemplificado com a não renovação da moratória do óleo de palma, que teve fim em setembro de 2021. Apesar disso, as ações anteriores no país associadas à palma levaram a consideráveis reduções na destruição e o menor desmate em 20 anos associado a essa plantação, apesar da expansão da produção, diz o documento.

De toda forma, o Brasil é o líder em desmatamento de floresta tropical no mundo e, pelo seu tamanho, a destruição no país dificulta a meta global de 2030. Apesar do peso brasileiro na conta, a América Latina, como um todo, teve uma redução líquida no desmate tropical em 2021, em comparação à média de 2018-2020.

Apesar dos dados preocupantes, há também “um progresso notável em esforços de reflorestamento nas últimas duas décadas”, que levou a novas florestas com tamanho comparável ao do Peru e ganhos de cobertura vegetal em 36 países, aponta o relatório.

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