Sou delegado de Polícia Civil lotado na D.R.F./CG/PB(Delegacia de Roubos e Furtos), e no dia 25 de abril de 2008 fui designado pela Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social para comandar uma operação policial com o escopo de prender um dos pilares da Facção Criminosa COMANDO VERMELHO (C.V): o traficante MARCOS CÉSAR SANTOS COSTA, VULGO “CESINHA”, que estava utilizando a cidade Paraibana de Queimadas como esconderijo.
Na tarde do mesmo dia, recebi 03(três) policiais da D.R.A.E/RJ(Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos) da cidade do Rio de Janeiro-RJ, que desembarcaram na Rainha da Borborema com o mandado de prisão do traficante “Cesinha”.
Após anos de investigação, da polícia carioca, descobriu-se que a zona Rural de Queimadas-PB era o abrigo do traficante Cesinha.
No sábado, 26/04/2008, último dia da operação, logo pela manhã, aproximadamente 09:00 horas, a equipe comandada por mim se dirigiu a Queimadas-PB e lá chegando começou a fazer campanas com o desiderato de visualizar o traficante “Cesinha” e ato contínuo prendê-lo.
As 13:00 horas do dia 26/04/2008, próximo ao centro da cidade de Queimadas-PB, “Cesinha” foi visto no interior de um veículo Pálio preto, em movimento, em companhia de sua esposa e duas filhas menores.
Rapidamente, “Cesinha”, ao notar a campana policial, estacionou o veículo em frente a Igreja Evangélica Assembléia de Deus e adentrou a casa vizinha, que pertence a prima de sua companheira.
Rapidamente determinei o cerco da área. Após vários minutos, LEGITIMAMENTE, porquanto lastreado em MANDADO DE PRISÃO, foi dada a ordem de invadir a casa na qual “Cesinha” se encontrava.
Por tratar-se de uma região de casas conjugadas, a vizinhança que já estava em alerta, informou-nos que “Cesinha” tinha pulado o muro da igreja e estava escondido naquele local( PÚBLICO).
Ato contínuo, adentramos, também LEGITIMAMENTE, PORQUANTO AMPARADO PELO ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL, a igreja Assembléia de Deus.
Após buscas internas, vislumbramos que o traficante “Marcos César Santos Costa, Vulgo “Cesinha”, tinha fugido pelo telhado de uma das casas conjugadas a Igreja Assembléia de Deus.
A Polícia Civil Paraibana em conjunto com a PC/RJ trabalharam exaustivamente com o intuito de prender o traficante carioca, no entanto, o acaso, o caso fortuito, fez com que o mesmo escapasse.
Em relação a atuação policial na cidade de Queimadas-PB, nos dia 25/26 de Abril/2008, o lastro foi a legalidade, tendo em vista que as incursões na igreja e na casa/esconderijo se deram DURANTE A LUZ DO DIA e amparados por um MANDADO DE PRISÃO expedido pela Justiça do Rio de Janeiro-PB. Portanto, a Polícia Civil agiu, na operação policial, com supedâneo nos princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade.
Antes de adentrarmos à Igreja Assembléia de Deus, COM UM MANDADO DE PRISÃO EM MÃOS E DURANTE A LUZ DO DIA, PEDIMOS AUTORIZAÇÃO AO RESPONSÁVEL PELO PRÉDIO, no entanto, este não queria permitir que o trabalho da polícia fosse realizado. DEIXANDO CLARO QUE NÃO ESTAVA OCORRENDO CULTO.
Só após a negativa, é que dei a ordem para entrar na igreja, tendo em vista que possuíamos 01(UM) MANDADO DE PRISÃO em mãos. RESSALTANDO QUE EM MOMENTO ALGUM FOI APONTADA ARMA PARA ALGUM MEMBRO DA IGREJA, POIS O OBJETIVO ERA PRENDER O TRAFICANTE CESINHA, QUE TINHA PULADO O MURO DA CASA VIZINHA E ESTAVA ESCONDIDO NA IGREJA.
Se a polícia um dia comparecer a porta de qualquer cidadão, informando que um perigoso traficante pulou o muro da casa vizinha e está escondido em seu quintal, de imediato, o NORMAL é se franquear, permitir, que as autoridades entrem na residência para revistar, levando-se em conta que a segurança do cidadão e de sua família será preservada. Muito estranha foi a atitude do responsável pelo templo, que não queria permitir a entrada da polícia apenas para checar o local, mesmo tendo a Polícia Civil, naquele momento, um MANDADO DE PRISÃO em mãos.
WAGNER PAIVA DE GUSMÃO DORTA
DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL