Paraíba

[ESPECIAL] Cachaça: a nova moda da elite brasileira

Jovens da elite disputam espaço nos bares especializados na “branquinha”

A aguardente-de-cana é definida pela legislação brasileira como produto alcoólico obtido a partir da destilação do caldo da cana de açúcar, devendo apresentar teor alcoólico entre 38º e 54º GL. Sua história começa nos primórdios do século XVI, como sendo a primeira bebida destilada na Terra Brasilis.

A cachaça era a espuma da caldeira em que se purificava o caldo de cana a fogo lento e servia como alimento para bestas, cabras e ovelhas. Deste modo, por algum tempo, foi considerada um produto secundário da industria; era apenas uma garapa e não tinha teor alcoólico. Somente depois da metade do século XVI é que a “branquinha” passou a ser produzida em alambique de barro, posteriormente de cobre, assumindo o nome de aguardente.

Com o passar do tempo a produção da cachaça foi aumentando e com o mesmo ritmo sua qualidade foi sendo aprimorada. Nos engenhos era hábito dar cachaça aos escravos na primeira refeição do dia. Acreditava-se ser uma maneira eficiente de preparar os homens para o trabalho duro nas fazendas.

O sabor

Com o aprimoramento da receita, a cachaça passou a atrair muitos consumidores chagando a ter importância econômica para o Brasil colonial. Esta situação tornou-se uma ameaça aos interesses portugueses, pois a bagaceira (bebida tradicional portuguesa) passou a ser consumida em menos escala, enquanto a cachaça foi promovida das senzalas para a mesa do senhor do engenho.

Ou contrário do que muita gente pensa, a melhor parte da cachaça não é a “cabeça” (expressão que define a primeira parte da extração do álcool da cana de açúcar), a parte nobre é o corpo, onde praticamente, não existe mais a presença do metanol.

A Euforia

Os donos de alambiques, distribuidores da bebida e donos de bares são unânimes, ao afirmar que nunca houve um melhor momento para a comercialização da “branquinha”. É caso do empresário, Vicente Lemos, dono da Cachaça Volúpia, uma das marcas de maior destaque no Estado. Segundo ele “são 180 mil litros produzidos por safra”, garantiu.

Vicente afirma que “foi necessária uma pesquisa da variedade apropriada para a região, buscando garantir uma melhor produtividade e manejo da matéria prima”, revelou. Segundo ele, “sua aguardente, que é produzida em Alagoa Grande/PB, é exportada em grande escala para a França e Alemanha”, comentou.

Uma das parceiras, para chegar “ao padrão de qualidade Volúpia foi a Universidade de São Carlos/SP, que foi fundamental para aperfeiçoar o processo tradicional, elaborado por seu avô, Sr. Otávio Lemos”, enfatizou.

O empresário de Alagoa Grande comenta que a Paraíba, o Rio Grande do Norte e Minas Gerais são os principais mercados consumidores da sua destilada.

Já para, Fábio Fernandes, cuja família também é fabricante de cachaça, levanta a bandeira da pureza e da responsabilidade na elaboração do precioso líquido. “Nossa cachaça ”,Bandeira Branca”, é produzida nos padrões dos bons alambiques de Minas Gerais, temos um grande rigor para garantir a pureza do nosso produto, para isso é preciso ter responsabilidade”, afirmou.

Segundo Fábio, seu produto “é uma bebida tão nobre quanto qualquer Uísque escocês”, comentou.

Ambos os empresários admitem que durante muito tempo o preconceito era o maior entrave para o crescimento do mercado. Para eles o fato de Brasil finalmente ter assumido sua bebida nacional é ótimo para a cultura do nosso país.

Em João Pessoa, houve um verdadeiro “boom” nos bares especializados em comercializar a “branquinha”, que pode ter variações de todos os sabores possíveis. Exemplos não faltam, as “cachaçarias”, curiosamente dividem espaço com pizzas, tanto na “Dona Branca”, localizada no bairro do Bessa, quanto na Veneza do bairro dos Bancários. Lá jovens de classe média consomem doses de cachaça envelhecidas em meio a frutas, fato que torna a bebida mais adocicada e atraente para os leigos. Porém, segundo os especialistas a aguardente é sempre melhor quando consumida pura ou simplesmente gelada, quando adquire uma textura licorosa.

Nestas cachaçarias a “marvada” adquire quase 50 sabores. Em visita a cachaçaria Dona Branca, nossa equipe entrevistou o gerente administrativo, Marcus Nunes, que garantiu que “em uma sexta-feira normal, quase 800 jovens disputam espaço nas mesas”, comentou. No cardápio, são encontrados 47 sabores de cachaça, entre os quais destacam-se: a chicletinho, bananinha e a tradicional “pura gelada”.

A tecnologia chama a atenção em um bar em que os garçons têm à sua disposição um palm (computador de bolso), com o objetivo de evitar erros nos pedidos.

A ressaca

Segundo um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 48,3% dos jovens brasileiros, entre 12 e 17 anos consomem algum tipo de bebida alcoólica regularmente. Do total, 52% são homens e 48% mulheres.

Não é preciso ser um especialista para notar que este consumo precoce de álcool pode acabar levando estes jovens ao alcoolismo.

Nas mesas da cachaçarias, jovens saudáveis desfilam sua beleza e suas roupas caras. Segundo Emanuel Cardoso, de 19 anos, “é um bom lugar para paquerar. Sabe como é, a bebida deixa as meninas mais à-vontade”, comentou o estudante de direito.

A preocupação também recai sobre a mistura de álcool e direção. Segundo informações obtidas no site do DETRAN, “conduzir veículo é tarefa que requer habilidade e prudência, todavia, estes requisitos são facilmente anulados após o motorista ter ingerido bebida alcoólica. Grande parte dos acidentes de trânsito ocorridos no Brasil é conseqüência direta da embriaguez ao volante, isso porque muitas pessoas ainda acreditam no falso poder estimulante do álcool”.

A cachaça é sempre bem vinda, mas deve ser consumida com responsabilidade e prudência.


Janildo Silva
ClickPB

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