
Acompanhantes de pacientes e servidores de hospitais da rede pública do Distrito Federal continuam a receber nesta quarta-feira (4) refeições “adaptadas” da empresa fornecedora. A Sanoli alega falta de recursos para comprar insumos.
Na semana passada, a companhia passou a servir sopas com pão e anunciou que a comida em estoque não duraria até esta terça ou quarta-feira, caso não recebesse do GDF.
A Sanoli diz que a Secretaria de Saúde assumiu na sexta-feira (27) o compromisso de quitar a fatura de fevereiro assim que a nota fosse apresentada. Segundo a fornecedora, o acordo foi suficiente para adquirir mais insumos para manter as refeições apenas dos pacientes.
Na sexta passada, a Secretaria de Saúde afirmou que não tinha um plano imediato para substituir a alimentação nos hospitais públicos, mas disse confiar no “bom senso” da empresa. Segundo o gerente de nutrição da pasta, Fábio Pires, a mudança no cardápio surpreendeu o GDF, que considerou a alteração um descumprimento do contrato.O empresário Pablo Marsilla acompanha a mãe de 91 anos, há três semanas internada no Hospital de Base. Segundo ele, a sopa servida não mata a fome de quem passa horas, e até dias, no local.
“É um caldo, praticamente. É mais fácil colocar a sopa na caneca e tomar de uma vez, é só água com cenoura, não tem carne, e tem um fiapinho de mandioca”, disse. “A acompanhante da moça que fica no nosso quarto teve de descer na rua”A mudança nos pegou de surpresa, tendo em vista que a secretaria em momento nenhum foi notificada pela empresa”, disse Pires. “Simplesmente a empresa foi servir uma sopa, sem nos contactar. Sopa, primeiro, não é do hábito do brasileiro e não representa todos os nutrientes necessários para uma alimentação adequada.”
A Sanoli afirma ter R$ 21,5 milhões a receber do GDF pelo serviço prestado em novembro e dezembro do ano passado. Segundo a empresa, não é possível continuar o fornecimento sem a verba.
O governo afirma que a dívida foi herdada da gestão anterior e que o valor só será quitado depois que as contas com todos os fornecedores forem auditadas. O pagamento pelo serviço prestado em fevereiro é estimado em R$ 7 milhões e será saldado normalmente, segundo a secretaria.
Novo contrato
Apesar do impasse com a Sanoli, a secretaria informou que vai renovar o contrato emergencial com a empresa pelos próximos 60 dias, enquanto um novo processo de licitação é realizado. O novo acordo deverá ser feita por lotes.
O contrato com a Sanoli é firmado desde 2009 em caráter emergencial. A empresa afirmou que trabalha sem cobertura e que não suspendeu o serviço para não deixar a rede completamente desabastecida.
Responsável pelo fornecimento de alimentação para 1,7 mil funcionários dos 16 hospitais e das quatro UPAs, a Sanoli suspendeu diversas vezes no final do ano a entrega das refeições. A empresa é responsávei por toda a alimentação, inclusive café da manhã e almoço. Na época, a organização alegou que a dívida chegava a R$ 26 milhões.