Imunizantes

Vacinas da Pfizer e da Moderna protegem gestantes e não danificam a placenta, indicam novos estudos

Os resultados preliminares de dois estudos com as vacinas da Pfizer e da Moderna fornecem encorajamento adicional.

Vacinas da Pfizer e da Moderna protegem gestantes e não danificam a placenta, indicam novos estudos

As fórmulas da Pfizer/BioNTech e da Moderna produzem respostas imunes robustas em mulheres grávidas e lactantes — Foto:Reprodução

NOVA YORK — Logo quando as vacinas contra a Covid-19 foram autorizadas, os cientistas pouco sabiam sobre como elas poderiam funcionar em gestantes, que foram excluídas dos ensaios clínicos. Desde então, pesquisadores acumularam um pequeno, mas crescente, número de evidências de que imunizantes contra a doença são seguros e eficazes durante a gravidez. Os resultados preliminares de dois estudos com as vacinas da Pfizer e da Moderna fornecem encorajamento adicional.

As fórmulas da Pfizer/BioNTech e da Moderna produzem respostas imunes robustas em mulheres grávidas e lactantes, e estão sujeitas a fornecer pelo menos alguma proteção contra duas variantes perigosas do coronavírus — a britânica e a sul-africana — de acordo com um estudo publicado na revista científica JAMA nesta quinta-feira.

Mulheres vacinadas também podem passar anticorpos protetores para os fetos através da corrente sanguínea e para seus bebês por meio do leite materno, sugere a pesquisa.

Em um segundo estudo, publicado na revista científica Obstetrics & Gynecology (Obstetrícia e Ginecologia) na terça-feira, os pesquisadores não encontraram nenhuma evidência de que as vacinas da Pfizer ou da Moderna tenham danificado a placenta durante a gravidez.

— Podemos mudar de”‘vamos proteger as grávidas da vacina” para “vamos proteger as grávidas e seus bebês com a vacina”. Acho isso muito poderoso — disse Emily S. Miller, especialista em medicina materno-fetal da Universidade de Northwestern e co-autora do estudo sobre a placenta.

Riscos altos durante a gestação
A Covid-19 apresenta sérios riscos durante a gestação. Pesquisas mostraram, por exemplo, que mulheres grávidas com sintomas da doença têm mais probabilidade de serem admitidas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), precisar de ventilação mecânica e morrer do vírus do que mulheres sintomáticas de idade semelhante que não estão grávidas.

Por causa desses riscos, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA recomendaram que as vacinas fossem pelo menos disponibilizadas para as gestantes, muitas das quais optaram por recebê-las.

No Brasil, grávidas e puérperas foram incluídas pelo Ministério da Saúde no grupo prioritário, por conta do elevado número de mortes. No entanto, essa semana a pasta anunciou a suspensão da vacinação desses grupos com o imunizante de Oxford/AstraZeneca, após recomendação da Anvisa. O Ministério da Saúde também recomendou a suspensão temporária da imunização de gestantes e puérperas sem doenças prévias.

No estudo publicado na JAMA, os cientistas do Centro Médico Diaconisa Beth Israel, em Boston, e da Escola de Medicina de Harvard estudaram amostras de sangue de 103 mulheres que receberam a vacina da Pfizer ou da Moderna entre dezembro de 2020 e março de 2021. Destas mulheres, 30 receberam a vacina enquanto grávidas, 16 durante a amamentação e 57 enquanto não estavam grávidas nem amamentando.

Os pesquisadores analisaram as amostras de sangue em busca de sinais de que as injeções conferiram alguma proteção contra o coronavírus. As respostas imunes são complexas e podem envolver anticorpos — proteínas que podem se ligar e bloquear o vírus — e células T, que ajudam o corpo a reconhecer o vírus e destruir as células infectadas.

As vacinas produziram respostas semelhantes em todos os três grupos de mulheres, provocando respostas de anticorpos e células T contra o coronavírus, descobriram os cientistas. Eles destacam o fato de que as injeções produziram altos níveis de anticorpos neutralizantes, que podem impedir o vírus de entrar nas células, tanto em mulheres grávidas quanto em não grávidas.

— Claramente, as vacinas estavam funcionando nessas pessoas. Espera-se que esses níveis sejam bastante protetores — disse Akiko Iwasaki, imunologista da Universidade de Yale que não participou da pesquisa.

Anticorpos no leite materno
Os pesquisadores também encontraram anticorpos neutralizantes no leite materno de mães vacinadas e no sangue do cordão umbilical coletado de bebês no parto.

— A vacinação de grávidas e lactantes realmente leva à transferência de alguma imunidade para seus recém-nascidos e lactentes — disse o Ai-ris Y. Collier, médico-cientista do Beth Israel e principal autor do estudo.

Os resultados são “realmente encorajadores”, disse Iwasaki:

— Existe o benefício adicional de conferir anticorpos protetores ao recém-nascido e ao feto, o que é mais uma razão para ser vacinado — afirmou o  imunologista de Yale.

Respostas imunológicas contra variantes
Os cientistas também mediram as respostas imunológicas das mulheres a duas variantes preocupantes: B.1.1.7, que foi identificada pela primeira vez no Reino Unido, e B.1.351, que foi identificada pela primeira vez na África do Sul. Todos os três grupos de mulheres produziram respostas de anticorpos e células T para ambas as variantes após a vacinação, embora suas respostas de anticorpos fossem mais fracas, especialmente contra a B.1.351, do que contra a cepa original do coronavírus, de acordo com o estudo.

— Essas mulheres desenvolveram respostas imunológicas às variantes, embora as respostas dos anticorpos tenham sido reduzidas várias vezes — disse o Dan Barouch, autor do estudo e virologista do Beth Israel. Barouch e seus colegas desenvolveram a vacina da Johnson, que não foi incluída neste estudo.

— No geral, são boas notícias — acrescentou. — E aumenta os dados que sugerem que haja um benefício substancial para as mulheres grávidas serem vacinadas.

Os pesquisadores também descobriram que 14% das mulheres grávidas relataram febre após a segunda dose da vacina, em comparação com 52% das mulheres não grávidas. Eles não observaram complicações graves ou efeitos colaterais.

O estudo continuará, com os pesquisadores monitorando as respostas imunológicas de longo prazo das mulheres. E estudos epidemiológicos maiores ainda são necessários para confirmar esses resultados laboratoriais, observou Collier.

Segurança em gestantes
No segundo estudo, uma equipe de pesquisa da Universidade de Northwestern e do Hospital Infantil Ann e Robert H. Lurie de Chicago examinou as placentas de 200 mulheres que deram à luz entre abril de 2020 e abril de 2021. Entre elas, 84 foram vacinadas com imunizantes da Pfizer ou da Moderna durante a gravidez; o restante não havia recebido nenhuma vacina contra a Covid-19.

As placentas de mulheres vacinadas não eram mais propensas a mostrar sinais de lesão ou anormalidade do que as de mulheres não vacinadas, descobriram os pesquisadores.

— Esses dados se baseiam nos dados emergentes que surgiram sobre essas vacinas e sua segurança em gestantes — disse Miller. — Estes são dados translacionais que sugerem que a placenta não vê nenhum impacto prejudicial da vacina. E isso é realmente fantástico.

As descobertas têm limitações, ela reconheceu. Como as vacinas só foram autorizadas recentemente, a maioria das mulheres do estudo foi vacinada no terceiro trimestre da gravidez, e muitas delas eram profissionais de saúde, que estavam entre as primeiras pessoas elegíveis para as vacinas.

Miller e seus colegas continuam a coletar mais dados, incluindo de pacientes que foram vacinadas no início da gravidez e que receberam a vacina de dose única da Johnson & Johnson.

A pesquisadora afirmou que esse é um trabalho contínuo, mas os autores queriam publicar seus dados preliminares o quanto antes “para ajudar as pessoas a tomarem a melhor decisão possível”.

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