Com base em diretrizes encaminhadas pelo comitê criado para elaborar protocolos de tratamento farmacológico da covid-19, o Ministério da Saúde, comandado por Marcelo Queiroga, deve rejeitar a prescrição de cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da doença. A informação foi revelada nesta terça-feira pelo jornal “Folha de S. Paulo” e confirmada pelo Valor.
Os protocolos estão sendo encaminhados ao comando da pasta por um grupo liderado pelo pneumologista Carlos Carvalho, da Universidade de São Paulo (USP). O documento prevê a inclusão de corticoides e anticoagulantes no tratamento feito em ambiente hospitalar.
Dentro do Ministério, o argumento é de que, mesmo se quisesse, o governo não conseguiria oficializar a sugestão de hidroxicloroquina para a covid-19. A ausência, na bula, de qualquer menção ao eventual uso do medicamento para tratamento de infecções virais inviabiliza a inclusão no protocolo.
Desde o início da pandemia, a hidroxicloroquina é recomendada publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro. Mais recentemente, ele disse que se recuperou “em 24 horas” após tomar o remédio. Por conta da repercussão, Bolsonaro deixou de citar explicitamente o nome do medicamento.
O governo chegou a recomendar oficialmente a hidroxicloroquina em um aplicativo do Ministério da Saúde, lançado para orientar médicos sobre o tratamento de sintomas da covid-19. Tirada do ar poucos dias depois, a ferramenta sugeria o remédio até mesmo para recém-nascidos.
A recomendação e a compra de hidroxicloroquina serão temas prioritários na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga ações e omissões do governo na pandemia. Os primeiros depoimentos começarão a ser tomados nesta terça-feira, com ex-ministros da Saúde.