Aline Lins

Oposição sente ‘mau cheiro’ em antecipação de pagamento com recursos próprios para obra da Lagoa

Fato novo criou ainda mais auê na Operação Irerês. Uma nota de empenho, datada de 29 de setembro de 2014, coincide com o período em que Lucélio era candidato a senador

Oposição sente 'mau cheiro' em antecipação de pagamento com recursos próprios para obra da Lagoa

Lucélio Cartaxo foi candidato a senador em 2014 — Foto:Reprodução Youtube

A bancada de oposição à gestão municipal na Câmara de João Pessoa ‘desenterrou’ dos resíduos das obras da Lagoa do Parque Solon de Lucena não apenas novos fatos e relações suspeitas entre parentes do secretário de Infraestrutura Cássio Andrade, mas documentos, e-mails, notas de empenho no mínimo estranhas, ‘lixo’ que se imaginava submerso mas que agora vem à tona, perturbar o candidato a senador que chegou onde chegou pelo apoio de padrinhos como Lula e Dilma, à época, e do próprio prefeito que emprestou-lhe a imagem da administração municipal, com direito a fardamento e obras.

Entre as novidades descortinadas pela oposição, aparecem pagamentos feitos às vésperas da eleição de 2014, quando, conforme lembra o vereador Bruno Farias, líder da oposição ao prefeito Luciano Cartaxo (PSD), o irmão do alcaide, Lucélio Cartaxo, era candidato a senador, respaldado pela experiência exitosa do Picolé de Manga e de ter administrado os trens da CBTU.

Os vereadores apresentaram, nesta quarta-feira (28), documentos que apontam a participação efetiva de pessoas ligadas a Cássio Andrade nas obras da Lagoa, entre elas a esposa do gestor, que trabalha na Caixa Econômica Federal. Para os parlamentares, “todo mundo meteu a mão na lama da Lagoa”.

Mas agora um fato novo criou ainda mais auê na Operação Irerês. Uma nota de empenho, datada de 29 de setembro de 2014, coincide com o período em que o candidato que se apresentava como “o novo” pleiteava uma vaga no Senado Federal. Denúncias de funcionários da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) atentaram para a curiosa antecipação do pagamento.  

“Houve a liberação muito estranha de algo em torno de R$ 2,660 milhões”, conta o vereador Bruno Farias. Segundo a denúncia da bancada oposicionista, R$ 668 mil foram liberados para a empresa Compecc de maneira ordinária, com o pagamento sendo feito pela conta do convênio, e R$ 2 milhões teriam sido pagos de forma anômala, da conta da Prefeitura Municipal de João Pessoa diretamente para a conta da Compecc, sem passar pelo convênio, já que foi paga com recursos ordinários da Prefeitura, a título de antecipação do pagamento.

Os vereadores da oposição observam, no entanto, que a contrapartida total da Prefeitura, dos R$ 41 milhões da obra, se limitava a apenas R$ 1,5 milhão. Mas apenas entre 29 de setembro e 2 de outubro de 2014, houve pagamento de R$ 2 milhões, portanto além da contrapartida da Prefeitura.    

Coletiva dos vereadores de oposição 01

Coletiva dos vereadores de oposição 02

A nota de empenho discrimina que se trata de “valor empenhado para fazer face ao pagamento a execução dos serviços de reabilitação da Lagoa do Parque Solon de Lucena, conforme Contrato nº 01/2014, Concorrência nº 06/2013 e Contrato de Repasse nº 78223/2012 Ministério das Cidades-MCidades/Caixa. Empenho com recurso Ordinário, para antecipação de pagamento na forma da portaria Interministerial 507 / 2011 cap IV, § 2,1 – Descrito, C) no ressarcimento ao convenente por pagamento realizado às próprias custas decorrentes de atrasos na liberação de recursos pela concedente e em valores além da contrapartida pactuada”.

“Algo estranho, curioso, que merece investigação por parte da Polícia Federal”, frisa Bruno Farias.

  

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